THIAGO STOFEL
REPÓRTERMT
O inquérito policial que resultou na Operação Ragnatela mostra que o ex-servidor do setor de cerimonial da Câmara de Cuiabá, Rodrigo de Souza Leal, foi afastado da função de promover eventos na Capital depois que produziu o show do cantor paulista MC Daniel. O motivo é que o músico é de um estado dominado por uma facção rival, mas principalmente porque Rodrigo teria desviado dinheiro pertencente ao Comando Vermelho ao trazer o cantor.
Rodrigo foi preso na quarta-feira (5) durante a Operação Ragnatela, sob acusação de ser o responsável pela organização de shows nacionais, os quais Comando Vermelho usava para lavar dinheiro do tráfico de drogas.
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A organização do show de MC Daniel foi amplamente reprovada pelo grupo criminoso de Mato Grosso, pois o cantor é paulista, onde a facção Primeiro Comando da Capital (PCC) é predominante. Este ato contrariou as diretrizes do CV, que não permite a realização de shows de artistas de origem de estados dominados pelo rival.
Durante o show realizado em uma casa de festas de Cuiabá, em dezembro do ano passaod, o cantor foi hostilizado por integrantes do CV que estavam na plateia e ficaram fazendo sinal da organização criminosa com as mãos para o artista, que acabou se irritando e abandonando o show.
Mesmo que MC Daniel não tenha conseguido realizar seu show, o ato de Rodrigo foi reprovado pela liderança do CV que ainda o acusava de ter desviado dinheiro da organização desse evento.
Por conta disso, ele foi proibido de participar da realização de qualquer evento por dois anos.
O comunicado foi repassado a todos os membros da facção por meio do WhatsApp, e acabou sendo confirmado pelo próprio suspeito que fez uma postagem em seu Instagram, comunicando que se afastaria da produção de show.
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Informativo CV contra ex-servidor
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Comunicado de Rodrigo nas redes sociais
Operação Ragnatela
Ao todo, foram cumpridas 36 ordens de busca e apreensão, oito prisões preventivas, nove ordens de sequestro de bens imóveis e 13 de veículos. Também foram expedidas quatro suspensões de atividades para casas de show e bloqueios de contas bancárias.
Durante as investigações foi identificado que os criminosos contavam com o apoio de agentes públicos responsáveis pela fiscalização e concessão de licenças para a realização dos shows, sem a documentação necessária. A força-tarefa apurou ainda que um parlamentar municipal atuava em benefício do grupo na interlocução com os agentes públicos, recebendo, em contrapartida, benefícios financeiros.