VANESSA MORENO
DO REPORTÉR MT
O apartamento em Itapema (SC) comprado pelo tesoureiro de uma facção criminosa, Paulo Witer Faria Paelo, está avaliado em mais de R$ 1 milhão e foi pago à vista. Ele era utilizado como hospedagem de “férias” por todos os investigados na Operação Fair Play, deflagrada nesta quarta-feira (27), pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), da Polícia Civil.
O imóvel foi "sequestrado" pela polícia nesta manhã e, segundo as investigações, ele foi adquirido com dinheiro ilícito, proveniente do tráfico de drogas, pelo laranja Elzyo Jardel Xavier Pires, em outubro de 2023.
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O apartamento fica localizado em um condomínio de classe média, com vista para o mar.
Paulo Witer, popularmente conhecido como WT, é o principal investigado da Operação Fair Play, que é um desdobramento da Operação Apito Final, deflagrada em abril deste ano e que também tinha o criminoso como principal alvo. Ele está preso desde maio por lavar cerca de R$17 milhões em dois anos e movimentar R$ 65 milhões no esquema de lavagem de dinheiro criado por ele.
O laranja Jardel Pires foi preso em agosto na Operação Ragnatela, que investiga seu envolvimento na mesma facção, que lavou R$50 milhões com a realização de shows nacionais em casas noturnas de Cuiabá. Ele agia em conjunto com o vereador por Cuiabá afastado Paulo Henrique (MDB) e outros investigados.
Andamento da operação
De acordo com o delegado Rafael Scatolon, que está à frente do caso, 19 mandados judiciais, entre prisões e buscas e apreensões, estão sendo cumpridos por determinação do juiz Jorge Alexandre Martins Ferreira, do Núcleo de Inquéritos Policiais de Cuiabá (Nipo). Até o momento, sete pessoas já foram presas em Cuiabá e um dos alvos continua foragido desde a deflagração da Apito Final.
Ainda segundo o delegado, esses alvos continuaram lavando dinheiro no intervalo entre as operações. Ele informou também que os valores são oriundos de várias fontes, sendo a principal delas o tráfico de drogas.
O delegado disse ainda que alguns dos investigados dessa operação, que também foram alvos da Apito Final, estavam em liberdade por determinação da justiça e voltaram a ser presos nesta quarta.
Além das ordens de prisão, três veículos foram apreendidos, sendo um Volkswagen Nivus, um Nissan Kicks e um Jeep Renegade.
Também foram bloqueadas 11 contas bancárias de pessoas físicas e duas de pessoa jurídica. Além disso, a justiça determinou a suspensão das atividades econômicas de duas empresas pertencentes a um dos presos.
Uma das empresas é uma oficina mecânica localizada na rua Istambul, no bairro Alvorada, em Cuiabá. A outra é uma empresa fictícia, sem estabelecimento físico.
Tolerância Zero
A Operação Fair Play é a primeira atuação da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) após o lançamento do programa Tolerância Zero, anunciado pelo Governo do Estado nessa segunda-feira (25).
De acordo com o delegado titular da GCCO, Gustavo Belão, a meta é combater as organizações criminosas que atuam em Mato Grosso, causando uma asfixia financeira nas facções. “O único meio capaz de frear a ação das organizações é atingir o financeiro”, disse o delegado durante coletiva de imprensa na manhã desta quarta.
As investigações da Fair Play continuam em andamento para identificar e apreender outros bens.
Veja as fotos do apartamento sequestrado em Itapema (SC):