LUIS VINICIUS
DA REDAÇÃO
As investigações da Operação “Castelo de Areia”, deflagrada na manhã desta sexta-feira (26), apontam que o ex-vereador de Cuiabá, João Emanuel, fingiu ser intérprete do falso chinês, usado por ele para aplicar golpes que somariam cerca de R$ 50 milhões em falsos investimentos na China.
"Uma das vítimas, disse que o João Emanuel teria até traduzido a fala do falso chinês, fazendo uma verdadeira farsa. Um intérprete que não sabe nada de mandarim. Eles conseguiram um falso chinês para dar credibilidade ao negócio para que as vítimas caíssem mais fácil nos golpes” explicou o delegado.
De acordo com o delegado Luiz Henrique Damasceno, da Delegacia Regional de Cuiabá, João Emanuel, que é vice presidente da Soy Group, usava as sedes da empresa em Cuiabá e Várzea Grande para cometer parte dos crimes.
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“Essa organização criminosa era muito bem organizada, tinha alto valor aquisitivo. Uma das vítimas, disse que o João Emanuel teria até traduzido a fala do falso chinês, fazendo uma verdadeira farsa. Um intérprete que não sabe nada de mandarim. Eles conseguiram um falso chinês para dar credibilidade ao negócio para que as vítimas caíssem mais fácil nos golpes” explicou o delegado durante entrevista coletiva cedida na manhã desta sexta-feira (26).
Para fazer com que as vítimas caíssem nos golpes, os criminosos chegaram a levar clientes para o Chile. “Lá, eles tinham escritórios montados para conseguir arrecadar estes valores”, explica.
“Essa empresa Soy é uma empresa montada exclusivamente para aplicação de golpes. Eles ofereciam empréstimos a juros baixos o que atraiam os clientes.
Damasceno explica que os criminosos prometiam um empréstimo a juros baixos o que servia para atrair as vítimas. “Essa empresa Soy é uma empresa montada exclusivamente para aplicação de golpes. Eles ofereciam empréstimos a juros baixos o que atraiam os clientes. Os criminosos afirmavam que esses juros vinham de bancos do exterior e essas vítimas acabavam acreditando. Era uma empresa muito bem organizada. Era uma farsa muito bem organizada e acabava ludibriando muito bem as vítimas”, explicou.
De acordo com o delegado, sete vítimas já foram identificadas e a Polícia Civil acredita que muitas vítimas ainda possam aparecer. Damasceno conta que existe um contrato no valor de R$ 1 bilhão que pode ter sido alvo dos criminosos. “Essa quadrilha vinha atuando na capitação de recursos, cometendo esses estelionatos desde 2014. As vítimas pagavam cerca de R$ 300 mil, R$ 400 mil e acabavam não tendo o retorno. Nós estamos investigando um contrato que giram em torno de R$ 1 bilhão. Não que esse valor tinha se efetivado, mas a gente só está mexendo só com a ponta do iceberg por enquanto. As vítimas são pessoas com poder aquisitivo alto, como produtores rurais, empreiteiros e empresários", disse.
A Polícia Civil afirma que a organização criminosa pode ter feito vítimas em outros estados. “Nós estamos investigando se eles agiam em outros estados. Porque existem contratos nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Brasília que estão arrolados nesses contratos. Nós temos que fazer todo essa análise documental para verificar qual real prejuízo que eles causaram no total”, disse.
Castelo de Areia
A Polícia Judiciária Civil deflagrou na manhã desta sexta-feira (26) a operação “Castelo de Areia”, para cumprimento de cinco mandados de prisão preventiva, sete buscas e apreensão e uma condução coercitiva. Entre os alvos está o ex-vereador da Câmara Municipal de Cuiabá, João Emanuel Moreira Lima que está internado em hospital em Cuiabá, onde se recupera de uma pequena intervenção cirúrgica realizada nesta quinta-feira (25).
Além de João Emanuel, também foram presos Shirlei Aparecida Matsucka e Valter Dias Magalhães Junior, casados, identificados pela investigação policial como sócios majoritários da Soy. Eles são proprietários de uma suntuosa residência em Chapada dos Guimarães.
Eles teriam sido detidos lá, mas fugiram, e foram detidos em Itaberaí, no estado de Goiás. Marcelo de Melo Costa, colaborador e agenciador, e Evandro José Goulart, representante financeiro, também foram presos. Lázaro Roberto Moreira, irmão de João Emanuel era diretor jurídico da empresa e alvo da condução coercitiva.
O APRENDIZ
Esta é a segunda prisão do ex-vereador que teve o mandato cassado por conta das denúncias de corrução. Ele já responde à uma ação penal, que está em trâmite na Vara Especializada do Crime Organizado, o Gaeco, a qual apurou desvios na ordem de R$ 1.542.075,76, ocorridos na gestão dele enquanto presidente da Câmara Municipal.
Um vídeo gravado por uma testemunha flagrou João Emanuel tentando cooptar mais participantes para o esquema, que fraudava licitações na Câmara de Vereadores.
O esquema era feito por meio da simulação de entrega de materiais e de prestação de serviços gráficos realizados pela empresa Propel Comércio de Materiais Ltda ME, de propriedade do ex-deputado Maksuês Leite, que se tornou um dos delatores do esquema de desvio de dinheiro.