ANDRÉIA FONTES
DA REDAÇÃO
A morte da adolescente Isabele Guimarães, de 14 anos, completa um mês nesta quarta-feira (12). Familiares e amigos vão realizar uma carreata, a partir das 19h, saindo do condomínio Alphaville 1, onde Isabele morava e onde morreu.
Titular da Delegacia Especializada do Adolescente (DEA), responsável pelo inquérito que apura a morte da adolescente, o delegado Wagner Bassi afirmou que, a princípio, não há mais pessoas para serem ouvidas. Confirmou que será feita a reconstituição do crime, mas não confirmou a data. Disse apenas que há um pré-agendamento. Informações apuradas pelo apontam que esta reconstituição está marcada para o dia 18.
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Apesar de completar 30 dias da morte nesta quarta-feira, o prazo para conclusão do inquérito, de 30 dias, ainda não expirou. O prazo começa contar a partir da instauração do inquérito na DEA. Antes de seguir para a Delegacia Especializada do Adolescente, o caso foi atendido pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde foram ouvidos o empresário Marcelo Cestari e a filha dele, a adolescente B.O.C, também de 14 anos, responsável pelo disparo que matou Isabele.
A tese de disparo acidental, apresentada pela adolescente e sustentada pela família Cestari, não convence a família da vítima. Patrícia Hellen Guimarães, mãe de Isabele, está convicta que a filha foi assassinada, que não foi vítima de um trágico acidente. Tanto que contratou um perito experiente para acompanhar o inquérito.
RepórterMT/Reprodrução
Arma que matou Isabele não dispara acidentalmente
O laudo da balística, entregue nesta terça-feira (11) pela Polítec ao delegado Bassi, aponta que a pistola da qual saiu o tiro que matou Isabele não poderia disparar acidentalmente. Para disparar, ela precisa ser engatilhada, destravada e ter o gatilho puxado.
Depoimentos
Marcelo Cestari foi o primeiro a prestar depoimento. Afirmou que estava do lado de fora da casa na hora do disparo, que apenas ouviu um barulho e não percebeu que era um tiro. Correu para o quarto da filha e ao ver Isabele caída no banheiro, afirma que achou que a adolescente tinha caído e batido a cabeça. No depoimento na DHPP, Marcelo afirmou que não havia sangue e apenas percebeu uma bola na nuca de Isabele. O sangue, segundo ele, só começou a escorrer quando ele iniciou a massagem cardíaca.
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Depoimento de Marcelo contradiz ligação para o Samu
Entretanto, na ligação feita por Marcelo ao Samu, de imediato ele afirma que Isabele não tinha pulso, que havia muito sangue no local, cerca de 2 litros. Por todo o tempo que fez massagem, afirmava que ela não tinha pulso. Negou no início que foi tiro e só depois de algum tempo admitiu ao médico do Samu.
A adolescente B.O.C, responsável pelo disparo, disse que o pai pediu para que ela guardasse a case, onde estavam duas armas, que foram levadas pelo namorado dela. Quando subia para guardar a arma, diz que viu que a amiga estava no quarto dela e foi ver o que estava fazendo. B. alega que quando se aproximou da porta do banheiro, a case caiu, ela abaixou para pegar, mas as armas também tinham saído da case. Diz que pegou a case e uma arma com uma mão e a outra arma com a outra e quando se levantou, a arma disparou, e atingiu a amiga que estava dentro do banheiro.
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Amiga que fez o disparo fazia aulas de tiro
O namorado da adolescente confirmou que levou a arma até a casa da família para que o sogro fizesse uma manutenção. Que deixou as armas na casa porque o irmão, que foi busca-lo, ficou com medo de ser parado numa blitz. Mas garantiu que a arma estava descarregada.
Um adolescente vizinho da família Cestari, namorado da irmã de B., desmentiu a versão de Marcelo e afirmou que todos estavam na sala da casa quando ouviram o barulho.
A mãe de Isabele, Patrícia Guimarães relatou que a filha foi no início da tarde de domingo para a casa das amigas, para fazer uma torta. Às 20h43 ligou e pediu para a filha ir embora, mas ela disse que estavam fazendo o jantar e logo iria. Por volta das 20h, Gaby Cestari chegou na sua casa avisando que tinha ocorrido um acidente com Isabele. Quando viu o corpo da filha no banheiro, Patrícia entrou em desespero.
O primeiro médico a ver Isabele, um vizinho da família, Manoel Garibaldi, de imediato constatou o óbito.
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Patrícia Guimarães está convicta que não foi um acidente
Outro médico, o neurocirurguão Wilson Novaes, amigo da família da vítima, diz que havia resquícios de pólvora no rosto da vítima e afirmou que havia pouco sangue no local, devido ao local onde o tiro atingiu. “Algo muito estranho aconteceu aqui. A Isabele está morta com um tiro no crânio e não há arma no local do crime”, disse o neurocirurgião Wilson Guimarães Novaes ao encontrar os tios da vítima do lado de fora da casa de Marcelo.
A arma, por sinal, não foi vista por diversas testemunhas que estiveram na casa.
Um policial militar ainda revelou, em depoimento, que teve dificuldades para entrar com a viatura no Alphaville porque, segundo o porteiro, havia uma ordem de Marcelo Cestari para que só entrassem se tivessem um mandado judicial. Entretanto, o empresário deixou o acesso livres para amigos policiais. Os policiais que são amigos de Marcelo e teriam atuado como “segurança” do empresário, estão em trabalhos administrativos enquanto são investigados.
O laudo da balística, divulgado nesta terça-feira, apontou que o tiro foi na altura de 1,44 no chão, de frente para a vítima, em linha reta. Entrou no nariz e saiu na nuca.