DAFFINY DELGADO
DO REPÓRTERMT
O ex-aluno bombeiro Maurício Santos, classificou, em entrevista ao RepórterMT, como "vergonhosa" a mudança de parecer do Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPE). O órgão, após denunciar a tenente do Corpo de Bombeiros, Izadora Ledur, pelo crime de tortura, nas alegações finais do processo pediu que ela seja condenada apenas por maus-tratos durante treinamento.
"Confesso que a decisão não me surpreendeu, claro que gostaria muito de ver a justiça verdadeira sendo feita, mas isso já ficou bem nítido nos processos anteriores", disse.
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"Vale ressaltar a morosidade no decorrer desse processo, o que é uma vergonha não somente para o Estado de Mato Grosso, MP e nosso próprio País, é impossível acreditar em justiça. (...) Do jeito como as coisas estão, se bobear, ela vai sair como anjo inocente e eu como culpado", emendou.
Maurício participou do 15º curso de Formação do Corpo de Bombeiros em 2015. O curso dele teve início em julho daquele ano. Ele afirma que desistiu um mês antes da formatura, devido às torturas a que era submetido após apresentar dificuldades nas atividades de salvamento aquático.
Ele busca reparar na Justiça o tempo perdido. Na época do curso, o jovem chegou a abandonar a faculdade de Direito, que havia financiado por meio do Programa de Financiamento Estudantil (Fies), recurso que já não pode mais ser usado por ele.
Nesta semana, apesar das informações presentes na petição inicial, o MPE requereu a desqualificação do crime de tortura por entender, agora ao final do processo, que "muito embora inegável que o ofendido fora exposto a perigo de vida pela conduta perpetrada pela ré os elementos de convicção coligidos não indicam, com a segurança e certeza necessárias, que as agressões tenham causado ao ofendido sofrimento físico ou mental como forma de aplicar de castigo pessoal ou medida de caráter preventivo, elemento indispensável à caracterização do tipo que define o crime de tortura imputado na inicial”.
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Para o ex-aluno bombeiro, a interferência do militarismo na Justiça Militar - responsável pelos julgamentos dos casos - faz com que as pessoas desacreditem num julgamento isento e real. Ele pontuou que se o caso tivesse sido julgado pela Justiça Comum, os resultados poderia ser diferente.
"Com certeza essa mudança teve alguma intervenção, mas não cabe a minha pessoa comentar até porque não espero mais nada relacionado a esse caso. Parece que os conceitos que julgamos como certo não sejam o mais certo. Primeiro que a Ledur conseguiu tudo o que queria né!?! Prolongou os processos o maior tempo possível, fez suas apresentações enfim, sabemos que não será feito absolutamente nada", comentou.
"Nesse caso específico sabemos das influências dentro do militarismo assim como em outras. Talvez, se fosse sim já justiça normal poderia ser diferente esse resultado ou se fosse julgado na esfera responsável que as pessoas não tivessem intervenção dos militares da região".
O processo em questão está em tramitação desde 2016. Esse é a segunda ação que Ledur responde por tortura e maus-tratos. O primeiro caso foi do Rodrigo Claro.
Caso Rodrigo Claro
Rodrigo Claro morreu no dia 10 de novembro de 2016, após ser submetido a uma sequência de afogamentos (conhecidos como caldos), durante o 16º Curso de Formação de Bombeiros.
Na época, ela também foi denunciada pelo MPE, mas a Justiça Militar livrou a tenente da acusação de tortura com resultado em morte. Ledur foi condenada apenas por maus-tratos pela morte do aluno e pegou uma pena branda, de um ano em regime aberto. Além disso, ela permanece na corporação, no mesmo posto.
José Eduardo 01/09/2024
Parabéns a Ledur, vida de bombeiro é árdua, se o cara é nutela, deve procurar outra profissão. De que adianta bombeiros froxos que não salvam ninguém??????? Treinamento tem que ser firme, os ratos que abandonem o barco
Roberto 01/09/2024
Realmente, justiça só de Deus..
2 comentários