FERNANDA ESCOUTO
DO REPÓRTERMT
O relatório investigativo que ocasionou na Operação Gravatas, deflagrada pela Polícia Civil no último dia 12, aponta que a advogada Hingritty Borges Mingotti, usava da prerrogativa de poder ter conversas reservadas com presos para gravar áudios e repassar aos líderes da facção Comando Vermelho.
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Hingritty mantinha contato direto com o criminoso, líder do CV, Paulo Henrique Campos de Aguiar. Ela compartilhava diversas informações sigilosas com ele, que repassava para outro faccionado, que também está preso, Tiago Telles.
Paulo Henrique é líder do Comando Vermelho em Tapurah, Itanhangá, Ipiranga do Norte, Nova Ubiratã e de boa parte de Sorriso. Já Tiago, atua como “braço direito ou espelho” de Paulo Henrique, a fim de representá-lo frente outros faccionados.
Conforme o relatório assinado pelo delegado Guilherme Pompeo, a advogada repassava informações sobre o andamento de ações penais, as quais Tiago não era parte. “Inclusive, o informa sobre os indivíduos que tiveram suas prisões preventivas e internações provisórias (menores) decretadas”, diz trecho do documento.
Em outro trecho do documento, Hingritty, valendo-se da sua prerrogativa de entrevista reservada com os presos, por ser advogada, grava áudio das conversas para repassar aos líderes da facção criminosa.
Um dos áudios gravados é um preso que conta que está tudo bem, que “ninguém bateu nele”. Em seguida, a advogada encaminha as gravações para o colega de advocacia Roberto Luís de Oliveira, que envia para Robson, outro líder do CV.
“Sendo assim, além de atuar como advogada, conclui-se que a Dra. Hingritty Borges Mingotti desempenha um papel fundamental como integrante da Organização Criminosa. Conforme exposto, ela embaraçou investigações policiais, serviu como intermediadora de mensagens entre criminosos de alta periculosidade, auxiliou com informações sigilosas de processos que nem tinham seus clientes como parte, dentre outras condutas expostas que confirmam a presença dela como integrante da Orcrim”, diz trecho do relatório policial.
Além de “mensageira”, a advogada é denunciada também por enviar fotografias de mandados de prisão e boletins de ocorrências e ajudar na recuperação de armamentos, munições e dezenas de bananas de dinamite.
“Dra. Hingritty não se limita a ser uma mensageira ou "garota de recados" para a organização, mas também ela busca informações sobre drogas eventualmente não encontradas pela Polícia, transmite informações de dentro da cela da delegacia ao gravar áudios de presos para às lideranças, envia fotografias de mandados de prisão e boletins de ocorrências e, por fim, ajuda na recuperação de armamentos, munições e dezenas de bananas de dinamite”.
Hingritty foi detida durante a Operação Gravatas, passou por audiência de custódia, ainda na terça-feira (12), e teve a prisão mantida.
Outros advogados
Além de Hingritty, outros três advogados compõe a organização criminosa. Os alvos foram identificados como Tallis de Lara Evangelista, Roberto Luís de Oliveira e Jéssica Daiane Maróstica.
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