JOÃO AGUIAR
DO REPÓRTER MT
Laudo da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) constatou que o agente socioeducativo Alexandre Miyagawa, 41 anos, foi atingido por três tiros pelas costas, sendo que um pegou ‘de raspão’ e dois atingiram a coluna e o ombro, causando "trauma torácico". O agente foi morto pelo vereador Tenente Coronel Paccola no dia 1º de julho, em Cuiabá.
"O projétil denominado 01 não causou grave ferimento, tendo trajeto superficial entre dorso esquerdo e braço esquerdo. Os projéteis denominados 02 e 03, tiveram entrada também no dorso, sentido póstero-anterior e ascendente, com ligeira inclinação da direita para esquerda. Esses ferimentos descritos lesionaram a veia subclávia esquerda, o lobo superior do pulmão esquerdo, diafragma, fígado, lobo inferior e médio do pulmão direito, pericárdio e átrio direito. E, em conjunto levaram a perda sanguínea maciça à cavidade torácica, causando choque hipovolêmico hemorrágico, causa direta e objetiva do óbito", diz o laudo, ao qual o Repórter MT teve acesso.
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Os tiros lesionaram o pulmão, fígado e diafragma de Miyagawa, causando a hemorragia que matou o agente. Laudo aponta, ainda, que os disparos foram feitos à distância, pois os ferimentos não continham "esfumaçamento e tatuagem", ou seja, não havia marcas de pólvora na pele.
O documento foi enviado para a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) na quarta-feira (13). A Politec informou, em nota oficial, que os laudos de necropsia, local de crime, balística e alcoolemia, estão todos concluídos e já foram encaminhados aos delegados.
"Diante dos dados colhidos durante a necropsia e dos resultados, concluíram os peritos que a morte de ALEXANDRE MIYAGAWA DE BARROS deu-se por choque hipovolêmico hemorrágico, secundário a trauma torácico por projéteis de arma de fogo", conclui a necropsia.
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A DHPP aguarda a extração de dados dos dois aparelhos celulares de Paccola, que foram apreendidos na quarta-feira (13). Após a análise do material ser realizada, o inquérito policial deve ser concluído, o que deve acontecer já na semana que vem.
O caso
Miyagawa foi morto pelo vereador Paccola na noite dia 1º de julho, no bairro Quilombo, em Cuiabá.
O vereador se apresentou na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), logo após o ocorrido, e prestou depoimento. Ele alegou que matou o Alexandre em legítima defesa, por acreditar que ele iria atirar contra sua namorada.
A investigação é comandada pelo delegado Hércules Batista Gonçalves. No dia 7 de junho, ele afirmou que o trabalho está sendo realizado de forma técnica e "sem paixões".
"O trabalho da DHPP está sendo desenvolvido de forma técnica, sem adentrar em paixões, sem adentrar em outras visões. Cada instituição faz o seu papel. À DHPP, incumbe a ela definir autoria e materialidade de um homicídio. O que ocorreu lá foi um homicídio e é sobre esse homicídio que o trabalho da DHPP está se desenvolvendo", declarou.
A DHPP tem um prazo de 30 dias, podendo ser prorrogado por mais 30, para concluir as investigações acerca do homicídio de Alexandre. Entretanto, o delegado afirmou que a expectativa é que todos os trabalhados sejam concluindo antes desse prazo.