DO REPÓRTER MT
O prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), decidiu substituir a secretária de Saúde da capital, Suelen Alliend. A medida vem após a crise no setor se agravar na terça-feira (27), quando uma inspeção encontrou mais de 4 milhões de medicamentos vencidos no Centro de Distribuição de Cuiabá.
Quem substitui Suelen é o médico ortopedista e traumatologista, Guilherme Salomão, que ocupava o cargo de secretário adjunto de planejamento e operação da Saúde.
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De acordo com Emanuel, a saída de Suelen foi “a pedido”. “Ela já tinha combinado comigo, de que ficaria até o final do ano, quando eu fizesse atualizações na equipe para encerrar os dois anos de mandato”, explicou.
Suelen é efetiva e sai de férias por 30 dias. Depois, deve continuar na gestão, a convite do prefeito.
Além dos medicamentos vencidos, outros agravantes mostraram uma crise instalada no setor da Saúde de Cuiabá. O Governo do Estado notificou a Prefeitura para que reabra imediatamente os leitos de UTI Covid nos hospitais municipais, que não têm nenhum disponível.
Outra inspeção, dessa vez na UPA Verdão, verificou falta constante de médicos e a inexistência de uma escala de trabalho.
Para Emanuel, são “ataques políticos”. “Querem pregar um colapso e um caos. Problemas existem, mas não assim”, afirmou, em coletiva nesta quarta-feira (28).
Medicamentos vencidos
O relatório de uma inspeção feita pelos conselhos Federal e Regional de Farmácia, a pedido do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) no início desse mês, constatou que o Centro de Distribuição de Medicamentos e Insumos de Cuiabá (CDMIC) possui mais de 4,3 milhões de comprimidos vencidos em seu estoque.
Segundo o documento, a visita foi realizada na tarde do dia 6 de dezembro. A inspeção constatou que com o grande número de unidades vencidas, os itens são separados no estoque que são destinados para medicamentos dentro da validade. Confira aqui o relatório.
A inspeção mostrou que o local tem um total de 4.386.185 de comprimidos vencidos, sendo mais de 2,7 milhões de unidades de Cloridrato de Metformina, para tratamento de diabetes e de problemas cardíacos.
Ainda segundo o relatório também existe uma lista de medicamentos apontados como essenciais que estão com estoque zerado ou muito próximo do zero.
O documento também mostra falta de insumos para abastecer os hospitais. Na lista feita pelos inspetores, de 80 itens de insumos, somente 4 possuem estoque para atender a demanda de Cuiabá por mais de 30 dias.
Outro lado
Em nota, a prefeitura de Cuiabá esclareceu que os medicamentos vencidos que permaneciam no estoque do CDMIC pois eram “objetos de investigação e não poderiam ser descartados antes da conclusão do processo de apuração”.
Sobre a falta de medicamentos, afirma que existe uma “crise de desabastecimento de medicamentos”. “A crise de desabastecimento de medicamentos ocorre em todo país e é amplamente divulgada pela imprensa nacional, o que reflete na maioria das Secretarias Municipais de Saúde, inviabilizando o fornecimento adequado de medicamentos”.