APARECIDO CARMO
DO REPÓRTERMT
O capitão Daniel Alves, do Corpo de Bombeiros Militar (CBM) de Mato Grosso, que era o responsável pelo treinamento que terminou com a morte de Lucas Veloso Peres, afirmou ser inocente e que “provas substanciais” disso foram apresentadas na investigação. Ele é um dos nomes apontados por testemunhas como responsáveis pela morte do aluno bombeiro no dia 27 de fevereiro deste ano, na Lagoa Trevisan, em Cuiabá.
A defesa do capitão enviou nota à imprensa refutando as alegações de testemunhas que estavam no treinamento que terminou com a morte de Lucas. Segundo relatos feitos durante o andamento do processo instaurado pela corregedoria do CBM, Daniel e o soldado Kayk Gomes dos Santos teriam afastado Lucas dos equipamentos que o permitiriam flutuar na água e impediram que os outros alunos nadassem ao seu lado durante o treinamento.
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A defesa alega que Daniel Alves tem cooperado com as investigações, respondendo os questionamentos que lhes são feitos e participando ativamente da reconstituição dos eventos fatídicos que resultaram na morte de Lucas.
A advogada do capitão alega que foram apresentadas provas “incluindo gravações e fotografias do dia do evento” que atestariam a inocência do seu cliente.
A nota avança desmentindo as mensagens de WhatsApp que vieram à tona logo após a morte de Lucas e que indicavam que ele tinha sido alvo de “caldo”, isto é, que alguém o havia afogado intencionalmente.
“Esclarecemos que as alegações iniciais baseadas em mensagens de texto via WhatsApp foram prontamente refutadas pelo seu autor, que admitiu não ter presenciado os eventos relatados. Essa precipitação resultou em uma cadeia de notícias que não corresponde aos fatos, afetando negativamente a imagem do Capitão, que reitera sua inocência perante à justiça e à sociedade, em manifestação ao seu direito constitucional de resposta”, afirma a nota.
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O texto prossegue criticando a postura da imprensa, cobrando “análise meticulosa e paciente das informações” e ainda acrescenta que as matérias veiculadas sobre o caso “têm se mostrado inconsistentes”.
No texto, a advogada do capitão assegura o compromisso com a verdade e ainda estende suas condolências para a família do aluno bombeiro morto.
“Estendemos nossas mais sinceras condolências à família do Aluno Soldado Lucas Veloso com o máximo respeito necessário; e reafirmamos nosso compromisso inabalável com a justiça e a verdade”, diz.
A Corregedoria do Corpo de Bombeiros deu início, na última sexta-feira (12), à reconstituição dos fatos que resultaram na morte de Lucas. Segundo a assessoria de imprensa da instituição, os trabalhos prosseguem nesta terça (16). Como o processo tramita em sigilo, a imprensa não tem acesso aos trabalhos.
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Capitão teria afastado Lucas dos demais alunos
O RepórterMT apurou que testemunhas relataram que o capitão Daniel Alves Moura Silva e o soldado Kayk Gomes dos Santos teriam afastado os equipamentos de flutuação e impedido que Lucas Veloso Peres fosse acompanhado pelos “cangas”, isto é, os militares que também participam do curso e que podem prestar assistência num primeiro momento.
Lucas estava com dificuldade para cumprir o exercício, que consistia em atravessar a Lagoa Trevisan a nado. Ele teria tentado por duas vezes, mas nas duas ocasiões precisou dos equipamentos conhecidos como flutuadores.
O capitão Daniel Alves teria dito que acompanharia Lucas na atividade, a nado, enquanto há dez metros de distância seguia o soldado Kayk. Em questão de minutos, Lucas se afogou.
De acordo com o boletim de ocorrência registrado pelos militares, o aluno foi socorrido pelos colegas. Ainda dentro de um barco, eles teriam começado a manobra de reanimação, mas sem sucesso.
Lucas chegou a ser encaminhado para o pronto atendimento do Hospital H-Bento, em Cuiabá, mas não resistiu.
Lucas era de Goiás e veio para Mato Grosso para realizar o sonho de ser bombeiro.