DAFFINY DELGADO
DA REDAÇÃO
Ana Cláudia de Souza Oliveira Flor assumiu durante seu interrogatório na audiência de julgamento do assassinato de seu marido, o empresário Toni Flor, na tarde de quinta-feira (24), que ficou "aliviada" com a morte dele. A mulher confessou ter encomendado o crime por R$ 60 mil, em Cuiabá.
Toni foi assassinado com cerca de cinco tiros na frente de uma academia que frequentava no dia 11 de agosto de 2020, no bairro Santa Marta. A denúncia feita contra ela, aponta que o motivo da execução seria interesse financeiro.
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Entretanto, na audiência em que ela falou sobre o crime pela primeira vez, desde que foi presa, ela afirmou que o real motivo de ter encomendado o assassinato seria por estar cansada de ser agredida e ameaçada de morte pelo empresário.
Para o juiz da 12ª Vara Criminal de Cuiabá, Flávio Miraglia Fernandes, a ré disse que após 15 anos de casamento se viu em uma situação de violência onde a filha de 8 anos foi ameaçada com uma faca pelo Toni, durante um desentendimento entre o casal.
“Toda vez que tentava me separar ele me ameaçava. Até o dia que ele me agrediu e puxou uma faca para mim. Minha filha entrou na frente e ele disse que mataria ela também. Se fosse só comigo, beleza, mas falou que matava nossa filha”, disse.
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Em seguida, o magistrado perguntou se realmente mandou matar o marido e ela confessou. “Mandei sim”, respondeu. No entanto, ela destacou que não deu o aval para a execução por ter se entendido novamente com o marido. Que os autores agiram por interesse no dinheiro.
Apesar disso, ela respondeu ao seu defensor que se sentiu aliviada com morte dele e que pagou os R$ 60 mil após receber ameaças dos assassinos. “Foi um misto de emoções, mas sim”, declarou.
Versão do executor
Igor Espinosa foi preso pelo assassinado de Toni Flor em agosto do ano passado. Para o magistrado, ele confessou a autoria e disse que se arrependeu do crime.
Igor contou que recebeu a quantia de R$ 20 mil após a execução. Assim que recebeu parte do combinado, ele foi para o Rio de Janeiro, onde passou uma temporada. Quando retornou, cobrou de Ana Cláudia o restante do dinheiro: R$ 40 mil.
No início, segundo ele, a mulher disse que não iria fazer o pagamento e que ele poderia denunciá-la. No entanto, um tempo depois, ela mudou de ideia e combinou o pagamento.
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"Um dia ela me disse: vem aqui que eu vou te pagar. Mas daí eu fiquei sabendo que ela queria me matar e eu não fui", contou o réu.
O réu ainda destacou que aceitou cometer o assassinato do empresário, primeiramente por estar drogado e ter uma dívida com traficantes e, segundo ele, por não aceitar violência contra mulher.
Para Miraglia, ele explicou que quando conversou com Ana Cláudia pelo telefone, ela disse que queria matar o marido por não aguentar as agressões que sofria e que Toni não aceitava separação e sempre a ameaçava de morte.
“Eu aceitei porque nunca gostei de violência contra mulher, ela me mostrou fotos dos hematomas que ela tinha e também porque eu tinha muitas dívidas com biqueiras, né”, disse.
Ciúmes e violência
Todas as testemunhas de defesa da ré contaram que o empresário era muito agressivo quando fazia o consumo de bebidas alcoólicas não só com a esposa, mas com vizinhos do condomínio onde morava.
A informação é que Toni chegou a utilizar uma garrafa quebrada para cortar a barriga de um morador durante uma briga. Na época, ele chegou a ser conduzido até a delegacia e precisou de mudar de condomínio após a desavença.
Apesar das agressões, a mulher enfatizou que o empresário quando não estava sob efeito de álcool, era um bom marido e bom pai para as filhas.