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Cuiabá, 15 de Janeiro de 2025
15 de Janeiro de 2025

15 de Maio de 2012, 14h:22 - A | A

OPINIÃO / ONOFRE RIBEIRO

A estória da manga

ONOFRE RIBEIRO



Fantástica a repercussão do artigo escrito neste espaço na última quarta-feira sob o título “Chupa essa manga, Cuiabá!”, tratando do desamparo da capital de Mato Grosso diante de si mesma e da Copa do Mundo.

De modo geral, todas as manifestações foram a favor da idéia de que Cuiabá perdeu-se ao longo das últimas décadas e chegou ao atual estado de descalabro por falta de planejamento urbanístico e de preparo para enfrentar o seu próprio crescimento e suportar a demanda que vem de todo o resto do estado.

Naturalmente, algumas manifestações foram contrárias, achando ruim comparar-se Cuiabá a Campo Grande, tendo na lembrança a histórica rivalidade entre as duas cidades.

Algumas coisas ficaram bem claras na percepção dos leitores:

1 – não compreendem como a cidade foi deixada de lado na visão dos gestores, sem preocupação com o seu futuro relacionando-a com o futuro de Mato Grosso;
2 – não compreendem como não se planejou vias estruturais para a cidade desafogar-se, mesmo estando visível nas últimas décadas um acelerado crescimento;
3 – não compreendem coisas simples como o descuido das calçadas, dos meio-fios, da falta de sinalização adequada, de sinalização dos endereços residenciais;
4 – não compreendem a proliferação de quebra-molas como alternativa para o trânsito;
5 – não compreendem a baixíssima qualidade do asfalto nas ruas pavimentadas;
6 – não compreendem a absoluta ausência de parques municipais e de áreas de lazer numa cidade quente como Cuiabá. Os parques existentes servem só para caminhadas e mesmo assim em relativo abandono e pertencem ao governo do estado;
7 – não compreendem como nenhuma obra estrutural foi realizada em Cuiabá ao longo dos últimos 20 anos, período em que a cidade cresceu muito. A única exceção foi a incompleta e mal-construída Avenida das Torres e o incompleto Contorno;
8 – não compreendem a falta de padronização para os setores de construção, como se a capital fosse um vilarejo do interior;
9 – não compreendem a finalidade de existir uma câmara de vereadores que não legisla e pouco vai além das politicagens eleitorais e da concessão de títulos a pessoas, dar nome a ruas de parentes e amigos dos ilustres vereadores;
10 – por último, entre outras percepções, vem a pergunta de porque ninguém nunca discutiu com a sociedade de Cuiabá sobre o destino para a cidade?

Concretamente, o fato é que precisou que Cuiabá fosse escolhida para cidade-sede de três ou quatro jogos da próxima Copa do Mundo, para ter alguma iniciativa que mexesse nessa paralisia histórica.

Pior, é que a copa não é um evento gestor de Cuiabá. Passado, quem administrará a cidade? Outro evento desse tipo?

Por fim, insisto no ponto: não é mais possível que qualquer candidato a prefeito chegue do nada e jogue no colo da sociedade cuiabana uma proposta de governo que não tenha sido discutida antes. Cuiabá já não se pertence mais.

É capital administrativa e política de um estado que se fosse um país independente teria PIB de pe um país rico. Logo, precisa ter uma visão estratégica de futuro diferente de qualquer outra capital brasileira.

E mais: não precisaria pagar esse mico da manga!

*Onofre Ribeiro é jornalista em Cuiabá.

A redação do RepórterMT não se responsabiliza pelos artigos e conceitos assinados, aos quais representam a opinião pessoal do autor.

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