GIOVANA FORTUNATO
Doenças ginecológicas são aquelas que afetam o sistema reprodutor feminino, tendo consequências significativas na saúde da mulher. O acompanhamento ginecológico é muito importante para prevenir doenças, tirar dúvidas sobre a vida sexual e sobre o planejamento familiar. Infelizmente, muitas mulheres não têm acesso ao ginecologista ou nunca foram por medo, vergonha ou falta de conhecimento. Com isso, doenças que poderiam ser prevenidas ou tratadas rapidamente, colocam a vida dessas mulheres em risco.
Durante a consulta de rotina, o médico irá fazer algumas perguntas sobre o histórico pessoal e familiar da paciente completando a anamnese. As respostas ajudam a entender quais são os hábitos da mulher e identificar possíveis fatores de risco. Por exemplo, relatos de dores durante a relação sexual e cólicas intensas podem ser sintomas de alguma doença e deve ser investigada, secreção vaginal, hábitos intestinais e queixas urinárias.
Em muitos casos, o único médico que a mulher frequenta com regularidade é o ginecologista. Por isso, é realizado um exame clínico detalhado a fim de verificar o estado geral da paciente. A verificação da pressão arterial, peso, frequência cardíaca, e a solicitação de exames laboratoriais para medir o nível de colesterol, triglicerídeos, hormônios da tireoide, glicose, hemograma, vitaminas, avaliação função renal e hepática estão entre os mais realizados, importante também fazer exames regulares para detectar doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).
No consultório, o ginecologista faz o exame clínico das mamas, onde o médico faz o mesmo procedimento do autoexame das mamas na paciente, e também realiza os exames ginecológicos de rotina.
Os exames ginecológicos de rotina são o papanicolau, a ultrassonografia e a mamografia, a densitometria óssea dependendo da idade da paciente. Eles são indicados para a prevenção de várias doenças e devem ser realizados na periodicidade indicada pelo ginecologista.
O exame de papanicolaou, também conhecido como preventivo, tem como função detectar lesões que podem evoluir para o câncer do colo do útero. O material coletado do colo do útero é analisado em um laboratório. No exame de microbioma vaginal, é colhida uma amostra de secreção da vagina da paciente para avaliar todas as bactérias e fungos presentes. O exame é indicado principalmente quando a mulher apresenta corrimentos constantes sem causa definida. Dessa forma, é possível indicar o tratamento mais adequado. Caso seja necessário, o ginecologista pode solicitar uma colposcopia para confirmar o diagnóstico.
Nesse momento, o ginecologista também realiza o exame especular, onde ele avalia visualmente a vagina e o colo do útero. A presença de corrimentos e inflamações podem indicar a presença de alguma doença, que deve ser investigada.
A colposcopia utiliza um equipamento chamado colposcópio. As suas lentes especiais permitem aumentar a visualização entre 10 a 40 vezes. Assim, é possível analisar a vagina e o colo do útero da paciente. Com os exames preventivos, é possível verificar vulva, vagina, colo do útero, ovários, útero, reto e pelve para diagnosticar quaisquer anormalidades precocemente e iniciar os tratamentos adequados.
A ultrassonografia transvaginal é um exame de imagem que permite visualizar os órgãos pélvicos (útero, tubas uterinas e ovários). Ele é indolor e utilizado para detectar cistos e problemas na região pélvica. A mamografia é um exame ginecológico de rotina para mulheres com idade acima de 40 anos para a prevenção do câncer de mama. Mulheres com histórico familiar da doença têm um risco maior, por isso, devem incluir o exame na rotina antes dos 40 anos.
Não existe uma data certa para a mulher começar a frequentar o consultório do ginecologista. O ideal é que seja a partir do aparecimento das primeiras características sexuais femininas e que a consulta de rotina seja realizada uma vez por ano, mesmo que a mulher não tenha nenhuma queixa.
O acompanhamento do ginecologista é muito importante para a prevenção de diversas condições que podem afetar a saúde e a qualidade de vida da mulher. Muitas doenças que atingem o sistema reprodutor feminino são assintomáticas ou não apresentam sintomas visíveis a olho nu.
O câncer de mama, por exemplo, é o tipo de câncer que mais atinge as mulheres brasileiras. Detectá-lo durante a sua fase inicial é a melhor forma de aumentar a taxa de sucesso e utilizar tratamentos menos agressivos. Além disso, o acompanhamento ginecológico ajuda a minimizar os efeitos da TPM e a esclarecer mitos e dúvidas da mulher sobre a vida sexual, como a escolha do melhor método anticoncepcional para ela ou questões sobre doenças sexualmente transmissíveis. Pode-se fazer também o rastreamento de doenças gastrointestinais através da endoscopia e colonoscopia quando necessário.
Quando realizados na periodicidade indicada pelo médico, eles permitem detectar precocemente doenças que podem causar graves complicações, como infertilidade e até mesmo, cânceres. Orientações sobre vacinação necessárias para cada faixa etária conforme calendário vacinal. O acompanhamento ginecológico também é importante para esclarecer dúvidas e programar ou adiar a gravidez.
A saúde ginecológica é um aspecto fundamental para o bem-estar das mulheres em todas as fases da vida. Além disso, o autocuidado e a adoção de um estilo de vida saudável são componentes essenciais para a manutenção da saúde ginecológica. O ideal é que a mulher se consulte com o ginecologista anualmente para fazer os exames clínicos, colher o Papanicolau e realizar os demais preventivos feitos em laboratório, cuja periodicidade dependerá de cada caso específico. Lembre-se, seu bem-estar é uma prioridade e, ao cuidar da sua saúde, você está investindo no seu futuro, no seu maior bem!
Dra. Giovana Fortunato é ginecologista e obstetra, docente do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do HUJM e especialista em endometriose e infertilidade no Instituto Eladium, em Cuiabá (MT).