BRUNA GHETTI
Já faz algum tempo que estudos apontam uma superação da longevidade feminina em relação à masculina. Mas falar de longevidade é, inevitavelmente, falar de envelhecimento. Para nós, mulheres, isso significa fazer parte de um contexto ainda mais desafiador, com pressões sociais, preconceito etário, desigualdade de gênero e, muitas vezes, uma dura autocobrança.
É nesse cenário que a utilização da modernidade em nosso favor torna-se um aliado importante. Em levantamento mais recente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) destaca, por exemplo, que enquanto a expectativa de vida para mulheres é de 79,7 anos, para homens chega a 73,1. A projeção é de que essa média siga crescendo nas próximas décadas.
E isso é bom, afinal viver é bom. No entanto, ao mesmo tempo, a longevidade feminina carrega uma necessidade de reflexão sobre o que é essencial para que esse processo ocorra com satisfação. Mulheres vivem mais, é fato. Mas o que significa viver mais? Não se trata de apenas contar os anos, mas de dar qualidade a eles, de fazer com que esse tempo gere satisfação.
A modernidade trouxe inúmeras oportunidades para viver melhor, impactando diretamente na saúde e autoestima da mulher. Nesse cenário, a saúde estética também ganha relevância, pois é natural que as mulheres queiram se sentir bem com sua aparência. Essa busca, todavia, deve partir de uma vontade genuína e não de pressões externas ou padrões inatingíveis.
Vejo a longevidade como uma chance de autoconhecimento e reconexão. A modernidade, por sua vez, pode sim ser uma aliada nesse processo, ajudando a mulher a aprender mais sobre seu corpo, suas necessidades e, inclusive, sobre seus limites. Ou seja, a modernidade implica em possibilitar escolhas e não novas imposições.
É fundamental entendermos que viver mais não é apenas um dado estatístico, é uma conquista que deve ser celebrada. Cada mulher tem o direito de viver sua longevidade de forma plena, utilizando os benefícios da modernidade para isso, mas sempre respeitando sua individualidade. Não há um único caminho ou fórmula, há histórias que devem ser vividas com respeito e equilíbrio.
Meu desejo é que nossa longevidade seja cheia de escolhas conscientes, momentos de satisfação, bem-estar e autoestima. Porque, no fim, a maior conquista é viver plenamente, no nosso tempo, com a nossa liberdade. E que a relação com a modernidade seja saudável, pois ela está aqui para somar e nunca para ditar.
Drª Bruna Ghetti é médica ginecologista, referência em saúde íntima e longevidade da mulher