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Cuiabá, 08 de Outubro de 2024
08 de Outubro de 2024

08 de Outubro de 2024, 14h:00 - A | A

OPINIÃO / WILLER ZAGHETTO

Luzes Alternativas: uma ferramenta da perícia para equidade racial

WILLER ZAGHETTO



Nos últimos anos o uso de luzes forenses como alternativa a luz comum, no exame de corpo de delito na medicina legal, tem ganhado espaço no meio científico mundial, mas o Brasil está ficando para trás. Esse uso é conhecido de longa data, com uma finalidade diversa, sendo recomendado por exemplo, desde 2004, para o exame das vítimas de violência sexual pelo National Protocol for Sexual Assault Medical Forensic Examinations (protocolo nacional para exames médicos forenses de agressão sexual) dos Estados Unidos.

A luz visível corresponde a uma faixa de comprimentos de ondas situada entre 400-700 nanômetros (nm) no espectro eletromagnético, e as luzes forenses variam dentro dessa faixa, sendo assim, são partes da luz visível. Respondendo a necessidade de padronização para uso na medicina legal, diversos estudos analisaram o uso das luzes forenses como auxiliares na detecção de hematomas (manchas roxas na pele - chamadas de equimoses no Brasil) e outras lesões, culminando nas Luzes Alternativas, termo comum para designar qualquer luz com comprimento de onda entre 400-450 nm.

Então, em um destes estudos (Predicting alternate light absorption in areas of trauma based on degree of skin pigmentation: Not all wavelengths are equal), realizado por pesquisadores da George Mason University, foram realizadas 31.841 observações de hematomas em 2.897 participantes chegando a conclusão de que é cinco vezes mais fácil visualizar os hematomas com uso das Luzes Alternativas, com 415 ou 450nm, do que com a luz comum.

A líder da pesquisa Dra. Katherine Scafide recebeu auxilio do Departamento de Justiça dos Estados Unidos e chegou a encontrar-se com a celebridade Angelina Jolie que destacou os estudos da equipe em uma entrevista no programa NBC Nightly News, por ser uma ferramenta efetiva na luta contra a violência doméstica sofrida por mulheres e crianças negras, quais, apresentam maior dificuldade de visualização das suas lesões quando são agredidas em razão das próprias características naturais da pele.

Ao entrar em contato com a pele a Luz Alternativa é absorvida, reagindo com certos pigmentos alí contidos, sendo capaz então, de emitir ondas com um novo comprimento, dessa vez maior (fenômeno do deslocamento de Stokes), as quais podem ser vistas naturalmente ou com uso de filtros, facilitando a visualização dos hematomas. Por isso, espera-se que as instituições de perícia do país possam investir nessa tecnologia e colocar a ciência a favor da equidade racial.

Willer Zaghetto é medico pela UFMT e atua como Perito Oficial Médico Legista

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