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Cuiabá, 23 de Dezembro de 2024
23 de Dezembro de 2024

06 de Novembro de 2024, 14h:05 - A | A

OPINIÃO / JOÃO ALVES

Pare de normalizar que Marketing Digital é barato

JOÃO ALVES



O Marketing Digital transformou o modo como as empresas se conectam com seus clientes e promovem seus produtos, mas há um equívoco persistente em pensar que ele é uma solução barata. Essa visão é comum entre empresários e até mesmo entre alguns profissionais de marketing, que veem a internet como um recurso fácil, acessível e sem grandes custos. No entanto, a realidade é que, para alcançar resultados de qualidade e consistência, o marketing digital exige investimentos substanciais em tempo, conhecimento, tecnologia e profissionais especializados. 

É verdade que o marketing digital possibilita que uma empresa alcance milhões de pessoas com um simples clique. Isso cria a impressão de que, por ser digital, ele requer poucos recursos e menos pessoas envolvidas. No entanto, essa visão desconsidera a complexidade e a especialização necessárias para construir uma campanha digital eficaz. 

Muitas vezes, o marketing digital é visto como uma atividade para "uma pessoa só" que pode lidar com todas as tarefas: design gráfico, redação, edição de vídeos, tráfego pago, análise de dados e atendimento ao cliente. Na prática, esse profissional “faz-tudo” é uma construção inviável. Cada função no marketing digital requer habilidades e conhecimento específicos, o que demanda tempo de estudo, investimento em cursos, certificações e equipamentos de qualidade, além de ferramentas e aplicativos pagos. O custo disso, longe de ser insignificante, reflete o compromisso com a entrega de um trabalho profissional. 

Assim como em qualquer outra área, no marketing digital cada profissional tem seu campo de especialização, e essa especialização tem um preço. Profissionais de marketing precisam se atualizar constantemente para acompanhar as mudanças nas plataformas, os novos algoritmos e as estratégias de alcance. Além disso, muitas ferramentas e tecnologias que melhoram o trabalho – desde programas de design até softwares de automação de redes sociais – possuem custos elevados. Esses investimentos garantem um serviço de maior qualidade, porém aumentam os custos operacionais. 

Quando os empresários esperam que o marketing digital seja barato, acabam desvalorizando os profissionais que, ao longo de suas carreiras, investiram em conhecimento e em infraestrutura para fornecer um serviço de excelência. Isso não só limita o alcance dos resultados, mas também perpetua a ideia de que esses serviços devem ser acessíveis a preços irrealistas, prejudicando o mercado e a qualidade do trabalho. 

O tráfego pago é um dos pilares do marketing digital e exige uma boa estratégia e uma gestão precisa para gerar retorno. Além do custo de contratar um profissional experiente, é preciso uma verba publicitária para executar a campanha. Um erro comum é pensar que, com um investimento mínimo, será possível obter resultados rápidos. No entanto, o tráfego pago precisa ser tratado como uma estratégia de longo prazo, onde os resultados são construídos gradualmente por meio de otimizações constantes. 

Dessa forma, o tráfego pago não é uma ferramenta mágica. Ele demanda tempo, verba e muita análise para que as campanhas sejam ajustadas e atinjam o público certo. A falsa ideia de que “qualquer um pode fazer” ou que se pode “aprender no YouTube” subestima a importância de um planejamento cuidadoso e uma gestão profissional. 

Criar um conteúdo atrativo e que engaje o público envolve uma série de fatores. Um vídeo de qualidade, por exemplo, exige equipamento adequado, edição profissional, um bom roteiro e, muitas vezes, atores ou modelos. Produzir conteúdo visualmente impactante requer ainda designers qualificados, acesso a bancos de imagem e a softwares de edição avançados – todos com custos associados. O mesmo vale para textos, blogs, artigos e roteiros. Todo conteúdo eficaz precisa ser elaborado com uma estratégia e propósito, o que exige tempo e, consequentemente, investimento. 

Portanto, é essencial que empresários e até colegas de profissão compreendam que marketing digital de qualidade não é barato. Não cabe a um cliente ou empresa definir o valor do trabalho do outro. Ao invés de pedir para "dar um desconto" ou "cobrar um valor mais baixo", é mais construtivo avaliar o valor que esse investimento trará a longo prazo para o negócio. 

O marketing digital pode ser acessível, mas isso não significa que deva ser desvalorizado. Assim como se valoriza o preço de um produto ou serviço oferecido ao consumidor final, deve-se respeitar e investir no trabalho do profissional de marketing. Afinal, um marketing digital estratégico e bem-executado é uma das melhores ferramentas para o crescimento de um negócio – e, como tudo que agrega valor, ele tem o seu preço.

 

João Alves

Chief Marketing Officer

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