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Cuiabá, 21 de Setembro de 2024
21 de Setembro de 2024

21 de Setembro de 2024, 09h:13 - A | A

OPINIÃO / OSCAR SOARES MARTINS

Unindo forças para garantir sustentabilidade e crescimento – parte 2

OSCAR SOARES MARTINS



Nas discussões recentes sobre a suspensão dos serviços da Starlink, é importante retomar o tema da dependência do agronegócio brasileiro em relação à conectividade digital e a tecnologia de uma forma geral. O setor agrícola atingiu um ponto crucial, onde a expansão das áreas de plantio está limitada por questões legais, pressões internacionais e demandas ambientais. Nesse contexto, o foco de discussão atual do setor é, como ter aumento da produtividade, com eficiência e sustentabilidade, e a tecnologia desempenha um papel fundamental nesse processo. 

O agronegócio representa cerca de 27% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e é responsável por mais de 40% das exportações nacionais, sendo um dos maiores pilares de sustentação da balança comercial. O superávit gerado pelo setor tem sido decisivo para equilibrar as contas do Brasil em tempos de crise econômica e instabilidade global. Em 2023, o agronegócio brasileiro bateu um recorde histórico nas exportações, atingindo a marca de US$ 166,55 bilhões, um aumento de 4,8% em relação ao ano anterior. Esse valor representou 49% de toda a pauta exportadora do Brasil, reforçando a importância do setor para a balança comercial do país. Em termos de volume, o Brasil exportou mais de 193 milhões de toneladas de grãos, um aumento de 24,3% comparado a 2022, com destaque para produtos como soja, milho e carne. 

A conectividade digital é um dos principais desafios para o agronegócio brasileiro, especialmente em um cenário onde a competitividade e a sustentabilidade dependem cada vez mais de soluções tecnológicas avançadas. Máquinas de última geração, desenvolvidas para otimizar o uso de insumos e maximizar a produtividade, frequentemente não atingem seu potencial devido à falta de internet em áreas rurais. Enquanto, por exemplo, nos Estados Unidos, as fazendas são amplamente conectadas, permitindo o fluxo constante de dados entre equipamentos e centrais de controle, o que facilita a tomada de decisões em tempo real, no Brasil, no entanto, muitas propriedades ainda sofrem com a ausência de conectividade, inclusive em suas sedes. E, esta interação, campo x centrais de controle, com certeza é um dos pilares da produção de grãos nos EUA, comprovadamente. 

A falta de comunicação eficiente entre máquinas e sistemas de controle impede que o agronegócio brasileiro aproveite plenamente as tecnologias disponíveis, essenciais para integrar informações sobre o solo, o clima e o desempenho das plantações. A conectividade entre esses sistemas é fundamental para garantir a troca contínua de dados, possibilitando uma gestão mais ágil e assertiva das operações no campo. Com mais dados integrados, os insights gerados permitem otimizar processos, reduzir desperdícios e aumentar a produtividade. 

Portanto, a conectividade digital vai além de uma questão técnica; ela é uma necessidade estratégica para o futuro do agronegócio no Brasil. Sem essa infraestrutura, o setor corre o risco de perder espaço no cenário global, prejudicando tanto a inovação quanto a eficiência produtiva. 

A previsão climática é outro grande desafio enfrentado pelo agronegócio brasileiro. Nos últimos três anos, a irregularidade das chuvas tem afetado diretamente o plantio e a colheita, gerando incertezas que prejudicam toda a cadeia produtiva. A falta de previsões meteorológicas mais precisas resulta em perdas significativas, pois o momento exato de plantar ou colher é fundamental para evitar prejuízos milionários. Cada dia ou hora de atraso pode comprometer uma safra inteira, impactando a qualidade e o volume da produção. 

Sem soluções tecnológicas mais eficientes para prever com precisão as condições climáticas, os produtores ficam vulneráveis a decisões arriscadas, muitas vezes baseadas em dados insuficientes ou atrasados. A consequência é a exposição a perdas que poderiam ser evitadas com uma previsão adequada. A capacidade de prever eventos climáticos, como estiagens prolongadas ou chuvas intensas, é essencial para planejar melhor o uso de recursos, como irrigação, fertilizantes e defensivos agrícolas, além de minimizar o desperdício e otimizar a colheita. Além das perdas financeiras diretas, a imprevisibilidade climática também compromete a logística do agronegócio, dificultando a coordenação entre transporte, armazenagem e distribuição de produtos. Isso afeta não apenas o mercado interno, mas também a exportação, tornando o Brasil menos competitivo no cenário global. 

Investimentos em tecnologias que integrem dados meteorológicos com inteligência artificial são necessários para transformar as previsões climáticas em ferramentas estratégicas de tomada de decisão. Essas soluções tecnológicas podem reduzir a margem de erro, antecipar cenários críticos e garantir uma resposta rápida do setor. Além disso, o agronegócio está acumulando uma enorme quantidade de dados de geoprocessamento, satélites e sensores de campo. No entanto, muitos desses dados ainda não estão sendo plenamente aproveitados. Ferramentas de inteligência artificial poderiam transformar essas informações em insights valiosos, permitindo tomadas de decisões mais assertivas no campo e maximizando a produtividade. No entanto, sem conectividade, esses dados permanecem subutilizados, impedindo o avanço tecnológico necessário para o aumento da eficiência no setor. 

A dependência do agronegócio em relação à internet é total. Desde o plantio até a comercialização, o setor depende de conectividade para operar de forma eficiente. A interrupção abrupta de serviços de internet pode causar um colapso imediato no setor, que já enfrenta dificuldades com a falta de conectividade adequada. Essa situação geraria impactos devastadores para a economia nacional e mundial. Se o agronegócio brasileiro parar, o Brasil enfrentaria uma crise econômica sem precedentes, pois perderia sua principal fonte de superávit comercial. Além disso, o impacto global seria imenso, já que o país é um dos maiores fornecedores de alimentos do mundo. Países que dependem das exportações brasileiras, como China, União Europeia e vários países da África e Oriente Médio, enfrentariam crises de abastecimento alimentar. 

O agronegócio de precisão, baseado na análise de dados e no uso de máquinas inteligentes, é o caminho mais promissor para garantir que o Brasil continue a ser um dos maiores produtores de alimentos do mundo. No entanto, isso só será possível com o fortalecimento da infraestrutura digital e a integração de soluções tecnológicas que otimizem cada etapa da produção. Investir em conectividade é vital não só para aumentar a produtividade, mas também para garantir a sustentabilidade ambiental e a competitividade do setor no mercado global. 

Por fim, é essencial destacar que o agronegócio brasileiro não sustenta apenas a economia do país, mas também desempenha um papel fundamental na segurança alimentar mundial. Para enfrentar os desafios do futuro, o setor precisa de uma infraestrutura tecnológica robusta, que permita o uso eficiente das inovações digitais e maximize a produtividade. Sem conectividade e sem acesso às tecnologias emergentes, o agronegócio brasileiro corre o risco de perder sua competitividade global, prejudicando tanto a economia nacional quanto a segurança alimentar de milhões de pessoas ao redor do mundo. 

A tecnologia no agronegócio brasileiro já não é uma mera opção, mas uma necessidade urgente e estratégica. Conectividade de qualidade, previsibilidade climática e análise de dados históricos por meio de inteligência artificial são pilares fundamentais para o crescimento sustentável do setor. Essas inovações tecnológicas não apenas aumentam a produtividade, mas também garantem que o Brasil mantenha sua liderança global na produção de alimentos. O agronegócio de precisão, ancorado nessas soluções, é o caminho mais eficaz para enfrentar os desafios climáticos, econômicos e ambientais, permitindo um crescimento sustentável, eficiente e preparado para o futuro.

 

Oscar Soares Martins – Consultor especialista em Cibersegurança

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