VANESSA MORENO
DO REPORTÉR MT
Nataly Helen Martins Pereira, que confessou ter matado a adolescente grávida Emelly Azevedo Sena, de 16 anos, para roubar o bebê dela, disse que levou a vítima para um quarto da casa onde cometeu o crime para mostrar a ela roupinhas de bebê que havia prometido doá-las à menina. Depois disso a enforcou com um fio. Emelly, que estava grávida de nove meses, estava fraca e sentindo dores e a assassina aproveitou a vulnerabilidade da menina para matá-la.
Em depoimento à polícia, ela deu detalhes de como o assassinato aconteceu.
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“Ela começou chorar e passar mal e eu vi uma oportunidade, porque ela estava ali, fraca e com dor, aí eu peguei ela por trás”, contou Nataly.
Segundo a criminosa, ela havia engravidado do seu companheiro, Christian Albino Cebalho de Arruda, mas havia perdido o bebê há cerca de seis meses e não contou para ninguém. Ela informou que não podia mais engravidar e decidiu enganar a todos, dizendo que ainda estava grávida.
Ela começou chorar e passar mal e eu vi uma oportunidade, porque ela estava ali, fraca e com dor, aí eu peguei ela por trás
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Ela disse ainda que, mesmo após ter perdido a criança, sua barriga havia crescido. Ainda segundo depoimento, enquanto vivia como se estivesse grávida, ela procurava crianças nas ruas, porque sentia o desejo de ser mãe.
Nataly disse que conheceu Emelly em um grupo de mães no Whatsapp. Elas começaram a conversar e manter uma espécie de amizade virtual, já que não se conheciam pessoalmente.
“Conversamos sobre tudo, sobre a vida”, contou Nataly, que disse que Emelly havia dito a ela que se chamava Bia e que tinha 18 anos.
Dias antes de matá-la, a assassina ofereceu uma doação de roupinhas de bebê e atraiu a vítima, que morava em Várzea Grande, para a casa, que seria do irmão dela, no bairro Jardim Florianópolis, em Cuiabá. Neste dia, ela disse ao seu companheiro que iria almoçar na casa do irmão.
À polícia, Nataly contou que chegou na casa entre 8h e 9h de quarta-feira (12), dia em que Emelly desapareceu. Ela foi mais cedo para cavar o buraco onde enterraria a vítima. No quintal da residência, ela encontrou uma picareta e uma pá e usou as ferramentas para fazer uma cova rasa.
Emelly chegou por volta das 12h no local.
Quando chegou, Nataly a recebeu na sala. Lá elas conversaram por aproximadamente 30 minutos e a criminosa conta que chegou a se arrepender do plano de matar a jovem, mas como já tinha preparado a cova, resolveu seguir com o crime.
“Só que aí ela já estava lá, o ‘trem’ já estava lá, eu ia falar que eu fucei naquele buraco lá pra quê? Foi virando uma bola de neve”, contou.
Em determinado momento, Nataly levou Emelly para o quarto para ver as roupinhas de bebê. Nessa hora ela pensou em cometer o crime, mas não teve coragem. “Na hora que ela estava indo no quarto de costas pra mim eu já pensei em fazer alguma coisa, mas não tive coragem novamente”, disse.
Depois de ver as roupas, a vítima voltou para a sala com duas bolsas na mão e sentou em uma cadeira. Segundo Nataly, ela estava passando mal e tendo contrações.
Foi então, em um momento de fraqueza de Emelly, que Nataly a enforcou por trás, com um golpe mata-leão. A vítima caiu no chão, desmaiada.
A assassina a colocou de volta na cadeira e amarrou as mãos e os pés dela com fitas de cetim e barbante. Em seguida, começou a bater no rosto de Emelly, na tentativa de acordar a menina para pedir desculpas e dizer que cuidaria da filha dela.
“Eu tentei acordar ela pra poder falar que ia ficar com a neném e que eu ia cuidar da neném [...] ela acordou, eu pedi desculpas e falei que ia cuidar da neném”, disse.
Depois disso, Nataly enforcou Emelly por trás, com um cabo de internet.
A assassina contou que neste momento a menina debatia as pernas, por isso resolveu concluir o crime colocando duas sacolas na cabeça da vítima.
Eu vi que ela estava demorando e ela estava sofrendo, aí eu fui e amarrei uma sacola
“Eu vi que ela estava demorando e ela estava sofrendo, aí eu fui e amarrei uma sacola”, relatou.
Após matar a vítima, Nataly tirou o bebê do ventre da mãe utilizando uma navalha e uma faca branca.
Em seguida, enterrou Emelly na cova.
Emelly foi encontrada por volta das 12h de quinta-feira (13), após Nataly e Christian ter tentado registrar a bebê no Hospital Santa Helena, em Cuiabá. A criminosa contou a equipe médica que o parto havia ocorrido em casa. Os profissionais desconfiaram e acionaram a polícia, que acabou cruzando a informação com o desaparecimento da jovem gestante. Os dois foram encaminhados para a delegacia.
O irmão de Nataly, Cícero Martins Pereira Junior, e o cunhado dela, Alédson Oliveira da Silva, também foram conduzidos pela polícia, pois ambos estiveram na casa onde Emelly foi encontrada morta.
No mesmo dia, Christian, Cícero e Alédson foram liberados, pois a criminosa confessou ter agido sozinha.
Agora, Nataly irá passar por uma audiência de custódia, que está marcada para acontecer na tarde desta sexta-feira (14), e a Justiça irá decidir se manterá a assassina presa.
Já o bebê está saudável, sob os cuidados do Conselho Tutelar, no Hospital Santa Helena.
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Veja parte do depoimento de Nataly Helen Martins Pereira: