THIAGO STOFEL
REPÓRTERMT
Um vídeo a que o RepórterMT teve acesso mostra o momento em que policiais civis fazem abordagem no hangar do idoso João Antônio Pinto, de 83 anos, que resultou no assassinato dele no dia 23 de fevereiro, em Cuiabá. A Corregedoria da PJC instaurou um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra o investigador Jeovanio Vidal Griebel, autor do disparo que matou o idoso.
As imagens mostram os policias, com arma em punho, entrando no hangar onde o idoso estava, que fica dentro da propriedade dele. Durante o trajeto, o homem que faz a filmagem chega a dizer que o João Antônio tem alguns “pistoleiros” contratados que ficam vigiando a área para que invasores não se aproximem da área.
>>> Clique aqui e receba notícias de MT na palma da sua mão
Leia mais - Corregedoria instaura processo e afasta policial civil que matou idoso no Contorno Leste
Ainda de acordo com a apuração do RepórterMT, João vinha recebendo ameaças de grileiros e membros de uma facção. Pouco antes do confronto, o idoso havia se envolvendo em uma discussão com invasores, chegando a ameaçar as pessoas com uma arma de fogo.
Quando os policiais civis foram acionados e chegaram na propriedade, encontraram João Antônio com uma espingarda na mão. Os policiais ordenaram que ele largasse a arma de fogo, mas João teria apontado para os policiais, quando acabou sendo atingido na altura do peito.
Uma equipe médica foi acionada e constatou o óbito no local.
O filho do idoso disse em entrevista na época do crime que os policiais agiram de forma bruta, já que seu pai era muito “velhinho” e tinha problemas e audição e visão.
O procedimento instaurado na Corregedoria-Geral imputa a Jeovanio as supostas práticas de homicídio, falsidade ideológica, improbidade administrativa, além de diversas infrações administrativas.
A Corregedoria determinou ainda o afastamento do servidor das atividades operacionais, devendo o policial atuar apenas em atividades estritamente administrativas, além do recolhimento da arma de fogo e a proibição de utilização de viatura, até a completa apuração dos fatos nas esferas administrativa e criminal.
Todas as condutas relacionadas aos fatos estão sendo apuradas, inclusive, os motivos que levaram o investigador e uma equipe policial até o local onde ocorreu a morte.
VEJA VÍDEO
Relembre o caso
O idoso chegava em casa quando flagrou dois homens instalando uma cerca e teve início uma discussão. A área em questão havia sido invadida em fevereiro do ano passado e a família vinha buscando uma decisão judicial para reintegração de posse.
Um dos homens que estava erguendo a cerca, identificado como Elmar Soares Inácio, telefonou para o cunhado, o policial civil Jeovanio Vidal Griebel, e disse que havia sido ameaçado de morte pelo idoso. “Ele ligou para o cunhado e dentro de meia hora o cunhado reuniu três carros e seis agentes policiais da Delegacia de Estelionato e se dirigiram até a propriedade do senhor João Pinto”, explica a advogada.
Leia mais - Idoso de 87 anos morre em troca de tiros com a polícia
Os seguranças que trabalhavam na propriedade do idoso foram revistados e orientados a não informar da chegada dos veículos descaracterizados. Eles obedeceram, acreditando que se tratava de uma operação policial.
Em seguida, os policiais foram em direção ao galpão onde o idoso estava com o caseiro da propriedade. Os policiais chegaram gritando e já com a arma em punho. O caseiro obedeceu, mas João Pinto não ouviu o que eles tinham dito, pois tinha problema de audição.
A versão dos policiais é que o idoso teria sacado uma arma e os agentes de segurança teriam agido em legítima defesa, o que a advogada da família da vítima nega.