ANDRÉIA FONTES
DA REDAÇÃO
Justiça determina que quatro acusados de uma chacina ocorrida em outubro de 2018, em Várzea Grande, com quatro mortos e dois feridos, resultado da briga entre as facções criminosas Comando Vermelho de Mato Grosso (CVMT) e Primeiro Comando da Capital (PCC), enfrentem o júri popular. O crime foi encomendado de dentro da Penitenciária Central do Estado (PCE) para vingar as mortes de membros do CV, cerca de 30 dias antes, em Tangará da Serra.
Foram mantidas as prisões preventivas de Thalyson Thiago Taborda Oliveira, Donato Silva Nascimento, conhecido como “Netinho”, Johnny da Costa Melo, o “Johnny Morte” ou “Afobado”, e Patrick de Oliveira Cabral, o “Cabral” ou “Cabralzinho”. O 5º acusado, Luiz Fernando Oliveira Caetano Moreira, está foragido e, por isso, o processo contra ele foi desmembrado.
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As vítimas fatais são dois homens e duas mulheres, identificados como Felipe Melo dos Santos, Leandro Luiz de Oliveira, Lana Talyssa Bezerra, 13 anos, e Keize Rodrigues, 16 anos, todos membros do PCC. Sobreviveram à tentativa J.S.P. e V.S.S.
Os crimes foram cometidos no mesmo dia, mas em locais diferentes. De acordo com a denúncia, no dia 2 de outubro de 2017, Thalyson sequestrou as adolescentes Lana e Keize na rodoviária de Cuiabá, por volta das 20h. Elas seriam namoradas de dois membros do CV e os criminosos, sob tortura, fizeram elas entregarem onde o grupo estava.
Na manhã do dia 3 de outubro, por volta das 9h, Thalyson e os comparsas foram até uma quitinete, no bairro Água Limpa, em Várzea Grande, e descarregaram três armas de fogo contra os 5 homens que estavam no local. Dois sobreviveram porque os executores acreditaram que já estavam mortos também.
Cerca de duas horas depois, executaram as adolescentes, no bairro Carrapicho, também em Várzea Grande. Os dois corpos foram encontrados dentro do rio Cuiabá. A execução das duas foi filmada pelos criminosos e a Polícia teve acesso. As duas estavam amarradas, de joelhos, quando foram mortas a tiros.
De acordo com a denúncia, Johnny da Costa Melo fazia parte da cúpula do Comando Vermelho e foi ele quem ordenou a Thalyson as execuções.
Thalyson, que era “soldado” do CV desde 2017, foi responsável por arregimentar os comparsas. No celular dele, que foi apreendido, a Polícia encontrou conversas que tratavam das mortes e até as fotos das duas adolescentes.
De acordo com o processo, na casa de Thalyson foram apreendidas três armas. Confronto balístico entre os projéteis recolhidos nas cenas do crime e retirados dos corpos das vítimas com as armas apreendidas deram resultado posivito.
Na delegacia Thalyson confessou a participação nos crimes, indicou os comparsas e deu todos os detalhes. Em juízo, negou qualquer participação. “Assim sendo, em que pese, em juízo, o denunciado Thalyson ter retratado a versão apresentada na delegacia de polícia, in casu, verifica-se que os elementos de prova até então apurados, em análise própria deste momento processual, corroboram os fatos por ele relatados na seara investigativa, mormente o resultado da perícia que aponta resultado positivo ao confronto balístico feito entre as armas apreendidas em sua residência e os projéteis e cartuchos colhidos na cena dos crimes”, diz parte da sentença de pronúncia.
Os acusados vão responder por quatro homicídios triplamente qualificados, duas tentativas de homicídios, sequestro e cárcere privado, formação de quadrilha, posse ilegal de arma do uso permitido e de uso proibido.