CELLY SILVA
DA REDAÇÃO
O empresário Filinto Müller confessou que usou o porteiro da Procuradoria Geral do Estado (PGE), Sebastião Faria, como “laranja” para abrir a empresa SF Assessoria e Organização de Eventos.
A empresa foi usada para desviar cerca de R$ 15 milhões dos cofres do Estado, no processo de desapropriação do bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá, na gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB).
A fraude é investigada pela Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz). Filinto é colaborador na ação penal oriunda da Operação Sodoma 4, que tramita na 7ª Vara Criminal de Cuiabá.
De acordo com depoimento aos delegados Márcio Veras e Alexandra Fachone, no dia 30 de setembro, Filinto Müller foi o operador da lavagem der 50% dos R$ 31,75 milhões pagos pelo Estado à Santorini Empreendimentos Imobiliários, antiga proprietária do imóvel, por meio da empresa de fachada que ele criou.
Segundo o delator, era de conhecimento do advogado da Santorini Empreendimentos, Levi Machado, que a SF Assessoria e Organização de Eventos estava registrada em nome de “laranja”, uma vez que Filinto assinava todos os documentos em nome de Sebastião Faria - inclusive, na presença do advogado.
A versão foi confirmada aos delegados pelo próprio Sebastião, que afirmou ter “emprestado” seu nome a Filinto, em troca de uma “mesada” de R$ 3 mil, que ele afirma ter recebido durante quatro meses. No total, foram R$ 12 mil em propina.
Os valores eram depositados na conta corrente do Banco do Brasil de Cáceres (225 km a Oeste de Cuiabá), cujo titular é um amigo do irmão de Faria, ou entregues pessoalmente, de Filinto para Sebastião, no escritório da empresa, no bairro Goiabeiras, na Capital.
O empresário já seria conhecido de Sebastião quando fez o pedido, alegando estar com o nome impedido para abrir empresas.
Além da mesada, Sebastião Faria afirmou também ter recebido R$ 10 mil de Filinto, na ocasião da morte de sua mãe. O dinheiro, segundo ele, foi gasto nas despesas com o funeral.
“Sendo que esses valores, às vezes, eram depositados em uma conta corrente do Banco do Brasil de Cáceres, que pertence a um amigo do seu irmão Valmir Faria, cujo nome não se recorda. Às vezes, recebia esse valor em espécie das mãos do Filinto, quando vinha a Cuiabá realizar algum ato em favor da empresa, como assinatura de cheques e demais documentos relacionados a empresa”, diz trecho do depoimento.
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