CELLY SILVA
DA REDAÇÃO
Diante da reveleção de que o ex-vereador João Emanuel teria ordenado a integrantes do Comando Vermelho, seu assassinato, conforme declarou em depoimento à Polícia Civil, o empresário Walter Dias Júnior, a juíza Selma Rosane de Arruda, da Sétima Vara Criminal da Capital, declarou à imprensa, que não ficou surpreendida, já que esse tipo de retaliação é comum na sua carreira. A magistrada ainda afirmou que não se sente intimidada.
“Eu sou muito bem guardada. Tenho uma escolta muito capaz, muito bem treinada”, salientou a juíza, ao afirmar que não irá se intimidar.
“É comum juiz criminal sofrer ameaça, isso não é difícil de acontecer. Durante a carreira da gente, em algumas oportunidades, isso acontece”, disse, acrescentando que não sente medo. “Eu sou muito bem guardada. Tenho uma escolta muito capaz, muito bem treinada”, salientou.
Comparsa de João Emanuel revela plano para matar juíza Selma
Apesar da gravidade da informação prestada por Walter Dias, que é um dos donos do Grupo Soy, e que seria comparsa de João Emanuel em um esquema de fraudes milionárias, ainda não foi averiguado o conteúdo de sua revelação em depoimento ao delegado Flávio Stringueta, da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO).
“Em princípio, apenas trata-se da declaração de um comparsa dele [João Emanuel] de que isso teria acontecido. Não se tem nenhuma apuração de que seja verdadeira essa intenção e, portanto, a gente tem que ir com bastante cautela para não julgar antecipadamente as pessoas”, declarou Selma Arruda.
"Não se tem nenhuma apuração de que seja verdadeira essa intenção e, portanto, a gente tem que ir com bastante cautela para não julgar antecipadamente as pessoas”, declarou Selma Arruda.
Questionada se essas investigações irão ocorrer, a juíza afirma que pela gravidade das informações, é provável que o Ministério Público Estadual (MPE) passe a acompanhar o caso e, até mesmo, apresente uma nova denúncia, não só pelo suposto plano de matá-la, mas também pelo indício de que João Emanuel participe de uma facção criminosa, que é o Comando Vermelho, e pelo medo que causou ao seu comparsa Walter Dias.
“Esse é um fato grave porque do que esse comparsa declarou a gente conclui que ele está envolvido, de alguma forma, com uma organização criminosa perigosíssima. Se ele compõe essa organização criminosa a ponto de poder dar um salve (quem dá um salve é pessoal da chefia) se ele tem essa função dentro da organização criminosa, é óbvio que o Ministério Público deve determinar a abertura de uma investigação para ver se não é o caso de indiciá-lo por organização criminosa, que seria outra ação”, explicou.
"Então, a princípio, se ele estivesse preso, ele não estaria fazendo isso”, concluiu a juíza sobre a suposta ordem de matá-la.
João Emanuel foi alvo da operação Castelo de Areia, deflagrada pelo GCCO no último dia 26 de agosto, para apurar uma organização criminosa envolvendo membros do Grupo Soy e que teria causado prejuízo de mais de R$ 50 milhões para, ao menos sete vítimas, que teriam sido ludibriadas a entrar em negócios com falsos investidores.
Como o ex-parlamentar havia passado por uma cirurgia na próstata, ele acabou tendo a prisão preventiva revertida em prisão domiciliar. Mas o MPE entrou com novos pedidos de decretação de prisão preventiva junto à juíza Selma Arruda, referente a outras ações criminais que ele responde. Inicialmente, a juíza analisou e entendeu que há elementos suficientes para decretar a prisão preventiva, mas, por conta dos problemas do pós-operatório de João Emanuel, considerou como melhor opção saber se ele já tem liberação médica para sair da prisão domiciliar.
Por conta disso, ele foi submetido a novos exames por meio de um médico nomeado pela juíza para determinar se ele tem ou não condições de saúde suficientes para ser levado ao Centro de Custódia de Cuiabá (CCC). “Se ele tiver condições de ser recolhido, eu acredito que seja o melhor caminho, até porque nessas declarações do Walter existe uma referência que ele teria ligado no presídio depois da prisão do Walter, ou seja, provavelmente da casa dele, dando um ‘salve’ para o pessoal do Comando Vermelho. Então, a princípio, se ele estivesse preso, ele não estaria fazendo isso”, disse a juíza.
“Se ele estiver preso em prisão domiciliar não há como a gente controlar se ele vai fazer uso de aparelho celular, de telefone, do que quer que seja. Ele está perfeitamente comunicável até por via de internet. Isso não inibe a pessoa de cometer novos delitos. Quando se tem esse tipo de delito pelo qual ele está sendo acusado, menos ainda porque a pessoa só não está podendo se locomover de fora de casa, mas ele não está com tornozeleira, ele não tem nenhum guarda, nenhum escolta lá para dizer que ele realmente não está saindo e, além disso, ele fica com acesso a esses meios de comunicação. Se estivesse no Centro de Custódia, ele não teria essa liberdade toda. Então, provavelmente, esse suposto salve não teria acontecido”, afirmou Selma.
Questionada sobre a alegação do irmão e advogado de João Emanuel, Lázaro Moreira, de que o ex-vereador não poderia ser preso porque é advogado e em Mato Grosso não existe sala de Estado maior, Selma Arruda respondeu que o Centro de Custódia já inaugurou um espaço que atende às exigências e que não vê problema em que ele seja preso naquele local, que já abrigou e ainda abriga outros presos com prerrogativa. "Eu não vejo nenhum inconveniente de que ele vá para lá, até porque outros já foram. Existe muito entendimento jurisprudencial nesse sentido: a sala de Estado maior era uma coisa do século passado, quando havia muito pouco advogado no mundo. Com o tanto de advogado que tem hoje, não é possível que se queira exigir esse tipo de requisito para prisão e os tribunais superiores têm entendido dessa forma", salientou.
Leona 08/09/2016
Nossa, Juíza lacrou, mandou seu recado dignamente ao marginal de 5°categoria. Ela não merece Palmas, mas todo o Tocantins.
1 comentários