LUCAS RODRIGUES
A era digital transformou a forma como nos relacionamos e nos comunicamos — e com a diplomacia não é diferente. Hoje, questões globais podem se espalhar e gerar reações imediatas. A diplomacia, que antes dependia de longas negociações e encontros formais, agora precisa responder rapidamente a crises e mudanças repentinas. Mas a grande pergunta é: os diplomatas estão preparados para lidar com esses novos desafios?
O principal desafio na diplomacia digital é a velocidade. Em um mundo onde as notícias se espalham rapidamente, uma crise pode surgir e se intensificar muito mais rápido do que a capacidade de resposta dos diplomatas. Exemplos claros disso incluem a disseminação de fake news nos mais diversos âmbitos, que, em muitos casos, podem causar impactos significativos se não forem solucionados de maneira eficaz
Outro desafio está relacionado à segurança cibernética. À medida que dependemos cada vez mais de tecnologias digitais, os governos se encontram cada vez mais expostos a ataques que podem comprometer dados sensíveis. Os ciberataques têm se tornado uma ferramenta de desestabilização política e em muitos casos cabe aos diplomatas gerenciar as consequências dessas brechas de segurança, que afetam diretamente as relações internacionais.
No Brasil, por exemplo, o número de incidentes cibernéticos em sistemas do governo registrados no primeiro semestre de 2024 foi de 4,7 mil ocorrências, mais que o dobro do registrado no ano anterior, de acordo com dados do Centro de Prevenção, Tratamento e Resposta a Incidentes Cibernéticos do Governo (CTIR-Gov). Isso demonstra o crescente risco que as nações enfrentam em um mundo digital cada vez mais conectado
Apesar desses desafios, vejo que a digitalização oferece oportunidades indispensáveis. A comunicação instantânea permite uma diplomacia mais ágil. Por exemplo, negociações podem acontecer virtualmente, permitindo tomadas de decisões mais rápidas e ágeis. Além disso, as redes sociais também se tornaram um meio imprescindível para os governos se conectarem com seus cidadãos e o restante da população mundial.
A provocação que deixo aqui é que embora as ferramentas digitais já estejam por aí há algum tempo, será que os diplomatas estão realmente preparados para usá-las? A formação diplomática tradicional tem focado em desenvolver as habilidades para que seus agentes saibam lidar com os desafios e as novas demandas globais? São pontos que devemos nos atentar.
Enfim, a diplomacia na era digital traz não apenas desafios, mas também novas oportunidades. A velocidade com que a informação circula exige que os diplomatas se adaptem constantemente. No entanto, é indispensável que eles estejam realmente preparados para os desafios digitais e acompanhem essa nova realidade em constante mudança.
*Lucas Rodrigues é mestre em IA e Machine Learning for Data Science pela Université Paris Cité. Além disso, é fundador e CEO do Clipping, uma startup de educação em modelo 100% bootstrapping e que utiliza inteligência artificial e chatbot para proporcionar uma experiência inovadora de estudo para quem deseja realizar concurso público, principalmente de admissão à carreira diplomática