BRUNO VICENTE
Rever um filme que gostamos é, quase sempre, uma oportunidade capaz de nos fazer ter novas percepções. Foi exatamente isso que experimentei ao assistir novamente Forrest Gump – O Contador de Histórias. É inegável o poder que esse clássico, que mistura drama, comédia e romance, tem de provocar diferentes emoções. Mas, dessa vez, um outro ponto me chamou a atenção: a comunicação simples adotada pelo personagem principal.
Cheio de boas intenções e dono de uma destacada ingenuidade, Forrest possui uma visão objetiva e descomplicada do mundo. E essas características foram transferidas às histórias contadas para cada pessoa que sentou ao seu lado no banquinho da praça. Foi com uma comunicação simplificada que ele conseguiu chamar a atenção, gerar empatia e estabelecer conexões, mesmo em indivíduos já saturados de outras informações.
Ao mesmo tempo, Forrest também mostrou que simplicidade não é sinônimo de superficialidade. Ou seja, é possível sim passar uma mensagem de forma acessível e empática sem abrir mão da profundidade do conteúdo. Um exemplo disso é quando diz “A vida é como uma caixa de chocolates. Você nunca sabe o que vai encontrar”. Uma frase poética, de fácil entendimento e repleta de significado.
É fato que durante todo o filme, Forrest Gump nunca se preocupou em mostrar às pessoas um vocabulário requintado. Ele só queria que sua mensagem fosse ouvida e fez isso com uma comunicação clara. Isso não significou evitar a complexidade das histórias, que abordaram temas sensíveis como os sacrifícios feitos pela mãe para garantir boas oportunidades a ele, a paixão por Jenny, e até uma traumática experiência como soldado na Guerra do Vietnã.
Tudo que ele contou foi minuciosamente repassado de forma compreensível e o resultado foi um público atento a cada detalhe do que era falado. Parte do sucesso comunicativo do personagem vinha de sua capacidade de se conectar com pessoas de diferentes origens, o que garantia uma maior aceitação a sua narrativa. Portanto, levar uma linguagem acessível àqueles que nos escutam ou leem nossos textos pode fazer toda a diferença.
A simplicidade é poderosa porque é universal. Existe um famoso ditado que diz “O silêncio não comete erros”. Arrisco dizer que o simples também não. Quando escolhemos palavras claras e acessíveis, ampliamos o alcance da mensagem e igualamos a oportunidade de compreensão. Forrest Gump nos mostra que, em um mundo sobrecarregado de informações, a simplicidade pode ser um ótimo recurso para uma comunicação que conecta.
Bruno Vicente é jornalista, atuando em assessoria de imprensa, gestão de crise e linguagem simples