EUSTÁQUIO RODRIGUES FILHO
Que o presidente descondenado é semi-analfabeto todos sabem. Também não é surpresa para ninguém que Nove-dedos possui uma vasta equipe para escrever todos os seus discursos. O problema é quando ele ignora todas essas coisas e resolve improvisar. Aí periga até virar médium e incorporar a falecida e polêmica rainha francesa Maria Antonieta.
Vale lembrar que Maria Antonieta ficou conhecida, entre outras coisas, pela célebre frase “se não tem pão, que comam brioches”. Explico: na França pré-revolução o povo passava fome, não tendo dinheiro nem para comprar pão. Quando esse fato chegou aos ouvidos da rainha, ela soltou a célebre frase acima. Acontece que brioche é um farináceo bem mais caro que o pão e isso até os dias de hoje. Ou seja, deu uma solução tosca e impossível para o grave problema que assolava o país.
E não é que o Condenado-descondenado, em seu improviso, falou besteira maior ainda? Em seu ímpeto de “lacrar” acabou virando meme, piada pronta, num país que passa por sérios problemas, que estão longe de soluções simplistas, populistas e idiotas.
O mercado e sua lei de oferta e demanda não funciona como quis raciocinar o cérebro de noz do nosso “Mário Antonieto”.
Quando o produto é facilmente substituível você deixá-lo de comprar pode até forçar uma baixa no preço. Mas isso funciona para poucas coisas, como frutas (afinal, se a ameixa está cara, você compra outra fruta), alguns legumes e verduras (pois, se a berinjela está cara, você compra outro legume, ou se a rúcula está com preço exorbitante, você compra outra verdura).
Porém, essa regra se aplica a poucos produtos, pois com os produtos essenciais não funciona dessa forma. Arroz e feijão, por exemplo, prato básico do brasileiro, são muito difíceis de substituir. Combustível, tarifas, açúcar, carne, café, remédio e óleo são produtos que, ou você compra caro como está ou deixa de consumir. E deixar de consumir alguns desses produtos é, simplesmente, impensável e impraticável.
Num exercício simples, segundo o cérebro de ervilha do Descondenado, se a comida está cara, deixe de comer. Se o combustível for um assalto, fique em casa e não vá trabalhar. Se a água está com preço salgado, fique desidratado. Se o remédio está nas alturas, não tome e morra. Se o papel higiênico está muito caro, então… que a solução que passou pela sua cabeça permaneça na sua cabeça.
Se a moda pega, daqui uns dias, o “tico e teco” do presidente vai sugerir também: se o IPTU, IPVA, IRPF, ITR e IRPJ, estiverem caros, não pague e, vamos juntos quebrar o sistema tributário do país.
Eustáquio Rodrigues Filho - Cristão, servidor público e escritor. Autor do livro “Um instante para sempre”. Instagram - @eustaquiojrf
