GABRIEL NOVIS NEVES
Assistia ao Jornal Nacional da Rede Globo quando uma notícia aparentemente sem importância me chamou a atenção.
O apresentador do jornal informou que a seleção brasileira de futebol, hoje tão banalizada no entender do Ministro dos Esportes, Aldo Rabelo, escolheu a cidade de Goiânia para a sua casa na Copa das Confederações em 2013.
O super clássico das Américas foi realizado na moderna capital de Goiás. Agora divulgam, com antecedência, essa informação. Acho que não foi uma mera coincidência.
A FIFA está lembrando que tem um plano B para as subsedes da Copa em atraso com o cronograma das suas obras.
Sempre que essa notícia circula é rotulada como boato.
As últimas notícias com relação às obras da Copa em Cuiabá nos deixam preocupados.
O início das obras do puxadinho do aeroporto Marechal Rondon, obrigação do governo federal, ainda não começaram.
Como sempre o governo procura minimizar o atraso, dizendo que na próxima semana teremos operários no aeroporto. Por ato falho, deixa de mencionar a semana de qual mês.
O Tribunal Regional Federal mais uma vez liberou o início das obras do VLT. Não sabemos se o dinheiro do empréstimo já caiu na conta do Tesouro do Estado.
As obras do Verdão avançam, quando o governo paga as medições atrasadas.
A Avenida Miguel Sutil foi transformada em um enorme buraco onde, há mais de vinte dias, não se vê nenhum operário trabalhando no trechão da entrada do Hospital Jardim Cuiabá – trevo do bairro Santa Rosa.
A fase é de concretagem das trincheiras, e por falta de pagamento as obras estão suspensas, aguardando o período de chuvas para o seu enchimento e aditivos.
Não foi realizado nenhum investimento na área social de Cuiabá com vistas a bem receber os turistas. Muito pelo contrário. Reina o mais profundo caos social nesta judiada capital.
Anuncia-se com estardalhaço recursos para o turismo, mas obras que é bom ainda não apareceram.
A revitalização da Salgadeira, Portão do Inferno, Véu da Noiva, a duplicação da rodovia para a cidade da Chapada, com a ampliação da sua rede hoteleira, parece que só depois da Copa.
A cidade de Nobres, outro ponto turístico da nossa região, não recebe nenhum investimento para atrair turistas.
Com relação ao nosso pantanal, sem comentários.
O governo nos seus três níveis está sem dinheiro para investir na ‘alinhada’ Cuiabá.
É pouco o que realizamos até agora, para sediar o maior evento esportivo do planeta.
A FIFA já disse que não necessita de doze cidades subsedes e, no seu plano B, subliminarmente, nos alerta que poderá tirar a Copa daqui.
Se isso acontecer, perde o Estado, principalmente Cuiabá e Várzea Grande. O legado da Copa transforma-se em pesadelo e frustração para a nossa população.
É urgente que o governo do Estado se mobilize para não deixar Cuiabá sem a Copa e endividado o Estado.
A notícia da televisão funcionou para mim, e acredito para muitos amantes do futebol e desta cidade, como um verdadeiro sinal amarelo.
GABRIEL NOVIS NEVES é médico em Cuiabá, foi reitor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
A redação do RepórterMT não se responsabiliza pelos artigos e conceitos assinados, aos quais representam a opinião pessoal do autor.