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Cuiabá, 06 de Julho de 2024
06 de Julho de 2024

19 de Junho de 2024, 13h:38 - A | A

PODERES / "VÍNCULOS INDEVIDOS"

CNJ faz devassa em celular de Roberto Zampieri e apura suposto esquema de venda de sentenças em MT

Investigação é conduzida pelo Corregedor Nacional de Justiça.

APARECIDO CARMO
DO REPÓRTERMT



O ministro Luis Felipe Salomão, Corregedor Nacional de Justiça, revelou que não está descartada a possibilidade de a morte do advogado Roberto Zampieri estar relacionada com “decisões judiciais proferidas por magistrados do TJMT”. A informação consta em despacho interno no âmbito de uma investigação sobre a conduta do juiz Wladymir Perri, responsável pela condução do processo na 12ª Vara Criminal de Cuiabá.

Os comentários do ministro Salomão sobre a morte de Roberto Zampieri foram feitos em despacho sobre reclamação disciplinar do Ministério Público contra o juiz Wladymir Perri. Em suas alegações, o MP afirmava que a utilização de elementos colhidos do aparelho celular do advogado poderia quebrar a lei, ao expor suas conversas com clientes, o que poderia ter como consequência a anulação de provas colhidas de forma lícita.

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O ministro Luis Felipe Salomão, contudo, apontou que serão usadas apenas as informações “de eventuais vínculos supostamente indevidos entre o advogado e membros ou servidores do Poder Judiciário – o que está absolutamente adstrito às competências constitucionais da Corregedoria Nacional de Justiça”.

Salomão destaca que o compartilhamento de provas para fins disciplinares não interfere na sua posterior utilização para fins judiciais. O ministro ressaltou que o material está armazenado em ambiente virtual, com senha criptografada, em absoluto sigilo e com acesso exclusivo a apenas um juiz auxiliar da Corregedoria Nacional.

O documento cita, ainda, um processo judicial em que Zampieri atuava em uma disputa de terras em Paranatinga em que um dos envolvidos é o fazendeiro Aníbal Manoel Laurindo, acusado pela Polícia Civil de ser um dos mandantes da morte do advogado.

Chama a atenção o fato de que no dia anterior à morte de Zampieri, uma juíza proferiu sentença negando pedido de Aníbal para que fosse emitido mandado de imissão de posse das terras em disputa, ou seja, não deu posse de uma propriedade para Aníbal. O processo é citado pelo Corregedor Nacional de Justiça como o “pano de fundo” do crime.

Roberto Zampieri foi morto no dia 5 de dezembro de 2023, quando saía de seu escritório no Bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá. Três pessoas foram denunciadas pelo homicídio e estão presas. O fazendeiro Aníbal Laurindo e sua esposa Elenice Ballarotti Laurindo são apontados como mandantes do crime pela Polícia Civil.

Essa hipótese de que o assassinato teria sido motivado por briga por terras já havia sido apresentada pelo delegado Nilson Farias, da DHPP de Cuiabá, responsável pela investigação. Ele disse que o irmão de Aníbal perdeu terras em uma ação patrocinada por Zampieri e que, quando se viu na mesma situação, teria decidido executar o advogado, que ele acreditava ter proximidade com magistrados para obter sentenças favoráveis aos seus clientes.

“Então, se sentiu aí talvez constrangido, turbado de sua posse e entendeu que a forma de resolver (seria a execução do advogado), isso é o que a investigação tem demonstrado", explicou o delegado ao RepórterMT em março deste ano.

Aníbal e Elenice Laurindo chegaram a ser alvo de ordens de prisão, mas conseguiram reverter isso na Justiça sob a alegação de idade avançada. Eles continuam em liberdade enquanto as investigações prosseguem.

A reportagem entrou em contato com a assessoria do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, que não se pronunciou até o momento.

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Critico 19/06/2024

Venda de sentenças no tjmt infelizmente é uma realidade.

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