APARECIDO CARMO
DO REPÓRTERMT
A deputada estadual Janaina Riva (MDB) defendeu que a legislação brasileira que abrange o aborto não seja alterada, como propõe o projeto de lei 1904/2024 que tramita na Câmara dos Deputados e que tem causado polêmica em todo o país, depois que um pedido de tramitação em regime de urgência, isto é, sem passar por discussões em audiências públicas e em comissões, foi aprovado em 23 segundos.
Atualmente a legislação prevê que a gestação pode ser interrompida em três situações: quando a gravidez é resultado de um estupro; quando coloca em risco a vida mãe; e quando a criança tem má formação cerebral. O projeto, que pode ser aprovado pelos deputados, equipara qualquer tipo de aborto ao crime de homicídio, cuja pena pode chegar a 20 anos.
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“Eu não aceito aborto que não seja legal, mas eu não posso também obrigar que nenhuma mulher tenha filho de estuprador, assim como nós não podemos obrigar que a mulher gere um feto que coloque a sua própria vida em risco, isso acontece inclusive com muitas pacientes que tem câncer e acho que vocês já devem ter lido sobre isso. E também não podemos permitir que a mulher tenha um feto que não tem condições de viver fora do seu útero, que ela leve essa gravidez até o final”, disse Janaina em vídeo compartilhado nas redes sociais.
A deputada explicou que, especialmente em caso de meninas vítimas de abuso sexual, a gestação é descoberta em fase avançada, já que essas garotas não têm maturidade para perceber as mudanças no seu corpo e associar isso à uma gravidez. Além disso, as decisões judiciais podem se arrastar por motivos que independem da vontade da vítima, ultrapassando o período de 22 semanas de gestação.
“Em um cenário comum, se nós tivéssemos leis que funcionassem de forma célere, com certeza abortar crianças, fetos, depois de vinte e duas semanas deveria ser um crime. O problema é que não funciona assim. Eu acho que é isso que a maioria das pessoas que estão acompanhando esse debate não entendem. A justiça é morosa, em alguns casos ideológica”, apontou a deputada.
Janaina destacou que ela já passou por quatro abortos e sabe o quanto isso pode ser doloroso para as famílias, mas ressaltou que não se pode fazer esse debate sem levar em consideração as experiências das mulheres pobres, que precisam acessar a Justiça por meio de defensores públicos, cujos processos tramitam com mais lentidão, e das crianças que sequer se dão conta do que está acontecendo com elas.
“O que nos deixa estarrecidos é ver um Congresso que deveria estar preocupado em punir o estuprador, em dar prisão perpétua, pena de morte para estuprador, preocupado em mexer com a legislação que trata do aborto legal”, disse.
“Nós precisamos avançar nas outras leis de proteção à mulher e contra esses bandidos, abusadores sexuais, predadores sexuais, que estupram as mulheres brasileiras. Aí sim a gente pode fazer uma discussão sobre esse tema e aí a gente vai discutir ele com outro olhar, o olhar que querem hoje colocar como sendo uma realidade não é realidade. A Justiça não funciona, isso não serve para criança e nós precisamos avançar na proteção da mulher”, concluiu.
Paulo Santalucia 15/06/2024
A deputada tocou num ponto que acho fundamental! Efetividade das leis! Os poderes gozam da falta de efetividade! Enquanto não houver mudança nesse sentido não adiantará de nada! Pode fazer lei do jeito que for, mas se não for bem aplicada, executada, não vai adiantar nada!
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