facebook-icon-color.png instagram-icon-color.png twitter-icon-color.png youtube-icon-color.png tiktok-icon-color.png
Cuiabá, 27 de Novembro de 2024
27 de Novembro de 2024

27 de Novembro de 2024, 16h:44 - A | A

PODERES / GRAVAÇÃO DE CONVERSAS

Governador classifica como "desproporcional" reação da OAB sobre declaração de chefe do MP

Nesta semana, Deosdete Cruz Júnior disse que advogados que atendem presos, membros de facção, deveriam ter as conversas gravadas nos presídios.

FERNANDA ESCOUTO
DO REPÓRTERMT



O governador Mauro Mendes (União) classificou, nesta quarta-feira (27), como desproporcional a reação da Ordem dos Advogados do Brasil de Mato Grosso (OAB-MT), após a declaração do procurador-geral de Justiça, Deosdete Cruz Júnior, de que advogados que atendem presos, membros de facção, deveriam ter as conversas gravadas nos presídios e que alguns profissionais atuam como pombos-correios do crime.

Leia mais: Chefe do MP: Advogado que atende faccionado tem que ter a conversa gravada

>>> Clique aqui e receba notícias de MT na palma da sua mão

A fala foi feita nessa segunda-feira (25), durante o lançamento do programa Tolerância Zero ao Crime.

Para Mauro, o chefe do Ministério Público Estadual (MPMT) não atacou a advocacia, somente ressaltou que há alguns advogados que fazem papel de “pombo-correio” do crime.

Eu achei um pouco desproporcional a reação deles. Respeito a opinião, mas advogados cometem crimes, sim, juízes cometem crimes, engenheiros cometem crimes, políticos cometem crimes. A advocacia, como um todo, não foi atacada”, disse Mauro à imprensa.

O que eu vi claramente o procurador-geral dizer é que alguns advogados trabalham como pombo-correio para levar informações de dentro da cadeia para clientes ou faccionados que eles representam”, completou o governador.

Ainda durante a coletiva, Mauro citou a Operação Fair Play, deflagrada pela Polícia Civil nesta quarta-feira, na qual um advogado foi preso por ser “laranja” de um membro de facção.

Hoje mesmo, nós temos uma operação que advogado estava sendo usado como laranja. E eu tenho certeza que a OAB defende os bons advogados. Eu tenho certeza que o Conselho de Medicina defende os bons médicos. Agora, os maus médicos precisam ser punidos, os maus engenheiros, maus políticos. Qualquer cidadão que comete um crime, ele é e deve ser tratado como criminoso, portanto eu achei muito desproporcional”, destacou.

Nós podemos, sim, falar de pessoas e não de uma classe, e eu não vi aqui ele falar que a advocacia, que a classe comete crimes, mas sim que pessoas, e aí nós temos dezenas, talvez centenas de advogados que já foram condenados no país por cometer crimes”, concluiu Mauro.

Entenda o caso

Na segunda-feira (25), o chefe do Ministério Público Estadual (MPMT), Deosdete Cruz Júnior, defendeu que advogados que atendem presos, membros de facção, deveriam ter as conversas gravadas nos presídios.

A declaração fez com que a OAB-MT protocolasse um pedido de Explicações em Juízo (interpelação judicial) contra o procurador-geral.

A presidente da OAB-MT, Gisela Cardoso, ressaltou que não se pode admitir que um direito do cidadão e uma prerrogativa da advocacia seja relativizada. “O sigilo advogado/cliente é absoluto, representa a garantia dos direitos fundamentais, as garantias constitucionais do cidadão. Mais do que discordar, lamento profundamente o comentário do procurador. Não vamos admitir esse tipo de sugestão”, afirmou.

A OAB-MT destaca em sua interpelação que “as afirmações (do PGJ), de ampla repercussão, extrapolam o limite de críticas legítimas e colocam sob suspeita a conduta ética e profissional da classe dos advogados, insinuando que estes estariam atuando em conluio com organizações criminosas”.

Leia mais: OAB repudia chefe do MP; "tenta criminalizar advocacia"
OAB cobra explicações do chefe do MP na Justiça após fala sobre atuação de advogados em presídios

Comente esta notícia