APARECIDO CARMO
DO REPÓRTERMT
Vereadores de oposição acusaram o presidente da Comissão de Ética da Câmara de Cuiabá, vereador Rodrigo Arruda e Sá (PSDB), de proteger o vereador Paulo Henrique (MDB) por ele integrar a base de apoio ao prefeito Emanuel Pinheiro (MDB). Os parlamentares apontaram que, desde o dia 10 de junho, Arruda e Sá está em posse de documento que pode resultar na abertura de Comissão Processante, que pode resultar ou não na cassação do parlamentar.
Paulo Henrique foi preso nesta sexta-feira (20), na Operação Pubblicare, acusado de envolvimento em esquema de lavagem de dinheiro para uma facção por meio de eventos em casas noturnas de Cuiabá. Ele receberia propina para conseguir que fiscais da Secretaria Municipal de Ordem Pública dessem as licenças necessárias para que os eventos ocorressem.
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Em coletiva de imprensa, os vereadores Michelly Alencar (União), Maysa Leão (Republicanos), Sargento Joelson (PSB), Demilson Nogueira (PP), Dilemário Alencar (União), Dr. Luiz Fernando (União), Eduardo Magalhães (Republicanos) e Rogério Varanda (PSDB) - que haviam apresentado pedido de instauração de comissão processante contra Paulo Henrique em junho, logo após ser deflagrada a primeira operação contra esse grupo criminoso - reiteraram a necessidade de providências.
A ideia é apresentar um pedido de Comissão Processante já na próxima sessão, na terça-feira (24). A diferença é que a processante só precisa da autorização do plenário para ser aberta e, portanto, não poderia ser “represada” pela Comissão de Ética.
“Eu espero que a Comissão de Ética tome as medidas necessárias, senão nós vamos apresentar uma comissão processante para ser votada na sessão da próxima terça-feira”, explicou Dilemário Alencar.
O vereador Eduardo Magalhães (Republicanos) recordou o assassinato da candidata Rayane Alves Porto (Republicanos), de 25 anos, e sua irmã Rithiele Alves Porto, de 28 anos, que foram torturadas e mortas por integrantes da mesma facção com a qual Paulo Henrique supostamente colaborava.
“Nós cumprimos com a nossa parte, com o nosso dever, até porque todos nós sabemos o que aconteceu recentemente com uma candidata a vereadora do meu partido, que foi brutalmente assassinada, passou por um processo de tortura, tanto ela quanto a irmã, numa situação que chocou o Brasil inteiro. Então, é importante investigar todas as denúncias, seja contra quem for”, afirmou.
Os vereadores compararam o caso de Paulo Henrique com o de Edna Sampaio. No caso da parlamentar petista, que não integrava a base do prefeito, o processo andou rápido, conforme os parlamentares, mas com um aliado do Executivo as coisas são diferentes.
Os vereadores, que estão em meio à uma campanha de reeleição, se mostraram preocupados com a imagem que a Câmara pode passar para a população se não tomarem uma providência rápida.
Segundo a vereadora Maysa Leão, após a divulgação da prisão de Paulo Henrique houve uma discussão no grupo de WhatsApp dos parlamentares, em que Rodrigo Arruda e Sá teria tentado “enquadrá-la” depois de cobrar que ele tome providências.
“Eu vejo que ele foi omisso, essa é a minha opinião pessoal. E teve dois pesos e duas medidas, porque atuou no caso de uma vereadora que foi célere e agora está sentado em cima do processo”, afirmou.
A Comissão de Ética teve acesso a parte dos documentos do inquérito para entender quais as acusações que pesavam contra Paulo Henrique. Apesar disso, passaram-se meses sem que nenhuma medida tivesse sido tomada contra o colega.
“O que não pode é o vereador conseguir um habeas corpus, sair da prisão amanhã, e voltar para o plenário de forma tranquila, como se nada tivesse acontecido. Eu acredito que o processo mais rápido seja o da Comissão de Ética, de inclusive, pedir de imediato um afastamento temporário dele no curso da investigação”, disse a vereadora Michelly Alencar.