DO REPÓRTERMT
O relatório da Polícia Federal que embasou a decisão do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF) aponta que o advogado Roberto Zampieri ofereceu um relógio de luxo da marca Patek Philippe para obter uma decisão favorável no Tribunal de Justiça de Mato Grosso.
Os relógios da Patek Philippe podem ultrapassar os R$ 300 mil, conforme sites especializados em relojoaria.
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Roberto Zampieri foi assassinado na frente do seu escritório, no bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá, no dia 5 de dezembro de 2023. A apreensão do seu celular causou uma verdadeira tempestade no Judiciário brasileiro, resultando em investigações contra juízes, desembargadores e ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
“A representação mencionou, logo ao seu início, uma troca de mensagens e imagens entre ambos acerca de um relógio da marca Patek Phillipe, o qual, segundo a autoridade policial, revelar-se ia uma contrapartida ou uma vantagem a ser recebida em virtude do cargo público do investigado”, diz trecho da decisão do ministro.
“Em diálogo de 8 de novembro de 2023, demonstrando veemente relação de proximidade com o investigado, chegou a mencionar que levaria o item para que o Desembargador João Ferreira Filho pudesse analisá-lo. Constou do diálogo: ‘Eu vou levar esse para o senhor ver, amanhã ou sexta’”, acrescentou.
A ideia, conforme os autos, era usar o relógio como forma de propina para o desembargador julgar uma ação de forma favorável ao advogado Flaviano Taques. Conforme a decisão do ministro, a movimentação “pode sugerir que Roberto Zampieri também atuava como intermediador, dada sua nítida influência com o Desembargador João Ferreira Filho”.
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Em 14 de novembro de 2023, de acordo com a decisão, o desembargador enviou e deletou mensagem para Zampieri sugerindo a existência de valores a serem entregues a ele pelo advogado dentro do seu gabinete no TJMT.
“Dois dias depois, em 16 de novembro de 2023, João Ferreira Filho acolheu os embargos de declaração, favorecendo, segundo a autoridade policial, a parte representada pelo advogado Flaviano [Taques], também investigado nesta representação”, avançou o ministro.