THIAGO STOFEL
REPÓRTERMT
Um áudio interceptado durante as investigações que culminaram na “Operação Ragnatela”, das Forças Integradas de Combate ao Crime Organizado (Ficco), mostra o assessor parlamentar Rodrigo Leal negociando com uma produtora para realização do show do MC Poze do Rodo, em Cuiabá. Na conversa, ele cita que 20% do lucro do show deveria ser separado e repassado ao Comando Vermelho. O ex-servidor foi preso na quarta-feira (5) acusado de ser o principal elo entre a facção e órgãos reguladores.
Na transcrição do áudio, o representante da organizadora do show ainda questiona sobre esse percentual e como ele será distribuído, mas Rodrigo bate o pé e diz que o valor é este e não tem negociação.
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Reprodução
Conversas de Rodrigo com produtora
Com isso, a polícia entende que as produtoras envolvidas no show possuíam total ciência da participação da facção na promoção do show.
Em mais dados extraídos do telefone de Rodrigo, foi possível obter detalhes importantes que evidenciaram o papel fundamental de Rodrigo na administração dos eventos em prol da organização criminosa, como sua administração da empresa G12 Eventos, que era utilizada para lavar dinheiro do tráfico de drogas.
Função na facção
O documento a que o RepórterMT teve acesso mostra que William “Gordão”, um dos donos do Dallas Bar, deu a Rodrigo amplos e irrestritos poderes, podendo movimentar e encerrar contas correntes e poupanças.
As investigações também evidenciam que Rodrigo, Jardel Pires e Kamilla Bertoni figuravam como operadores na divisão dos lucros obtidos com a realização dos shows no bar, e em outros eventos organizados pelo bando.
Esses eventos eram custeados com o dinheiro do Comando Vermelho e por um grupo de promoters chamado G12 Eventos.
Além de ser o responsável pela “contabilidade” desse esquema, Rodrigo era o elo entre a facção e agentes públicos que auxiliavam na liberação de licenças para esses shows.
Na deflagração da operação, foram cumpridas 36 ordens de busca e apreensão, oito prisões preventivas, nove ordens de sequestro de bens imóveis e 13 de veículos. Também foram expedidas quatro suspensões de atividades para casas de show e bloqueios de contas bancárias.
Durante as investigações, foi identificado que os criminosos contavam com o apoio de agentes públicos responsáveis pela fiscalização e concessão de licenças para a realização dos shows, sem a documentação necessária. A força-tarefa apurou ainda que um parlamentar municipal atuava em benefício do grupo na interlocução com os agentes públicos, recebendo, em contrapartida, benefícios financeiros.