facebook-icon-color.png instagram-icon-color.png twitter-icon-color.png youtube-icon-color.png tiktok-icon-color.png
Cuiabá, 25 de Novembro de 2024
25 de Novembro de 2024

25 de Dezembro de 2023, 18h:03 - A | A

POLÍCIA / DEBATE VOLTA À TONA

Delegada defende banco de dados de estupradores apenas para condenados; "Para não haver pré-julgamento"

Debate sobre o banco de dados nacional com nomes de estupradores voltou à discussão em Mato Grosso após a chacina que vitimou a mãe e três filhas, em Sorriso.

JOÃO AGUIAR
DO REPÓRTERMT



Em entrevista ao RepórterMT, a delegada Jannira Laranjeira, coordenadora do Plantão de Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica e Sexual de Cuiabá, defende a existência de um banco de dados nacional para condenados por estupro. Para ela, se for para alguém apenas investigado pelo crime, pode causar um pré-julgamento e uma pessoa inocente acabar sendo "condenada" pela opinião pública.

O banco de dados nacional com nomes de estupradores voltou à discussão em Mato Grosso após a chacina que vitimou a mãe Cleci Calvi Cardoso, 46 anos, e suas filhas: Miliani Calvi Cardoso, 19 anos; Manuela Calvi Cardoso, 13 anos, e Melissa Calvi Cardoso, 10 anos, ocorrida em Sorriso (420 km de Cuiabá) no mês passado.

>>> Clique aqui e receba notícias de MT na palma da sua mão

O autor confesso do crime, Gilberto Rodrigues dos Anjos, 32 anos, já era procurado pela polícia por um crime parecido, que ele cometeu dois meses antes, em Lucas do Rio Verde (354 km de Cuiabá). Ele estava com mandado de prisão em aberto e era considerado fugitivo.

Leia mais - Pedreiro é preso em flagrante por estuprar e matar mãe e filhas

Para Jannira, o nome dos bandidos só pode constar no banco de dados, caso o criminoso seja condenado. “Se não houver uma condenação, podemos afrontar até a ampla defesa, um pré-julgamento acerca do investigado, infelizmente”, alerta. Além disso, a delegada salienta que a polícia já tem um banco de dados para investigação.

Uma das soluções, segundo a delegada, é de que as empresas, principalmente do interior do estado, chequem os dados dos trabalhadores que contratam, ainda mais os que vem de outros estados. “Geralmente onde que o criminoso [que é procurado se] esconde? É lá no interiorzão. Ele vai trabalhar lá na agricultura, lá na construção civil e vai fazer outras vítimas”.

“Todas as empresas daquele município imbuídas em enfrentar a violência, o roubo, furto, os crimes patrimoniais, os crimes contra a dignidade sexual, os crimes de violência doméstica, todos poderiam fazer essa checagem junto à Polícia Civil. Exigir a sua folha de antecedentes criminais ou até mesmo de passagens policiais”, acrescenta.

“Não estou dizendo para o empregador não contratar a pessoa porque ele tem um passado que afronta a conduta dele, social. Mas [com essa checagem], pelo menos, já vai ter um outro olhar. Já vai ligar o alerta, porque sabe o histórico dele”, complementa.

Crime em Sorriso

A mãe Cleci Calvi Cardoso, 46 anos, e suas filhas: Miliani Calvi Cardoso, 19 anos; Manuela Calvi Cardoso, 13 anos, e Melissa Calvi Cardoso, 10 anos, foram mortas no dia 24 de novembro, uma sexta-feira, entretanto os corpos só foram localizados na segunda-feira (27), mesmo dia em que Gilberto foi detido.

Leia mais - Delegado: Ele espreitava as vítimas e premeditou o crime; é um predador em série

O bandido trabalhava em uma obra ao lado da casa das vítimas. Na noite de sexta, ele invadiu o imóvel pulando a janela do banheiro e cometeu os crimes. Em seguida, voltou para a obra, retirou as roupas sujas de sangue e guardou em um contêiner.

Na segunda-feira, quando a polícia chegou no local, ele agia normalmente, como se fosse apenas mais um popular "curioso" sobre o crime, assistindo a cena com os colegas de trabalho. Quando a polícia realizou diligências na obra, ele apresentou apenas a cópia da identidade como documento.

Durante checagem dos dados pessoais, a equipe policial apurou que contra ele havia dois mandados de prisão em aberto, um pela Comarca de Lucas do Rio Verde por crime sexual, e outro pela Comarca de Mineiros, em Goiás, pelo crime de latrocínio.

Questionado, ele ficou nervoso e alegou que não ter ouvido qualquer barulho na casa das vítimas durante o final de semana.

Na casa, a perícia da Politec encontrou marcas de chinelo no piso manchado com sangue. Ao vistoriar os pertences do criminoso, os agentes encontraram um chinelo com as mesmas características das marcas no piso da residência da família e foi confirmado se tratar do mesmo calçado marcado no piso.

Após ser questionado novamente, o assassino confessou ter cometido os quatro homicídios.

Em confissão à polícia, ele deu detalhes do crime. Ele contou que estuprou três das vítimas enquanto elas ainda agonizavam, após serem esfaqueadas por ele.

Comente esta notícia