THIAGO NOVAES
DO REPÓRTER MT
Iracema Alves, mãe de Ney Muller Alves Pereira, morto com um tiro na cabeça na noite da última quarta-feira (09), em Cuiabá, relatou que está com o "coração partido" e que a morte do filho "levou um pedaço dela". A vítima foi assassinada pelo procurador Luiz Eduardo de Figueiredo Rocha e Silva, 45 anos, que está preso e deve responder pelos crimes de homicídio qualificado por motivo fútil e emboscada.
“Meu coração está partido, não foi só ele que mataram, foi um pedaço de mim também. [...] Quando ele estava tomando a medicação certinha, ele era um menino que parecia ser normal. Ele era aquele filho amoroso”, disse.
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Ela relatou um pouco das dificuldades enfrentadas pela família desde que o filho foi diagnosticado com esquizofrenia, aos 4 anos de idade.
“Ele foi ficando adulto, e mesmo com os internamentos, ele entrava em crise, e saía andando. Muitas vezes eu fui atrás, meu filho, o David [irmão de Ney] foi atrás, pra procurar pra trazer pra casa ou para interná-lo”.
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Iracema citou que Ney já foi internado em clínicas de reabilitação de São Paulo e de Goiás, além de um período de internação no Adauto Botelho, onde estava até o ano passado, mas fugiu. Ela relata que após fugir da clínica, o filho foi para São Paulo e passou a usar drogas.
“Quando ele fugiu, ficou cinco meses sumido em São Paulo e lá ele começou a usar entorpecentes”, disse ao programa Cadeia Neles na sexta-feira (11).
A mãe de Ney contou que custou a acreditar na morte do filho.
“Eu não acreditei no momento em que vi as fotos. Um procurador da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, eu não acreditei que ele tinha matado meu filho. Quando vi os vídeos, ele chamando meu filho, não acreditei que ele era capaz de fazer uma coisa dessas”.
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Além de lamentar a perda do filho, Iracema cobra que a justiça seja feita. “Eu quero que ele pague pelo que fez, quero que a justiça seja verdadeira e que sinta o coração dessa mãe, que está partido por este procurador ter tirado a vida do meu filho. Ele não deveria ter feito isso, porque se alguém fizer com um filho dele, eu sei que ele vai sofrer”, acrescentou.
O irmão de Ney, David Alves, pede que o caso não se torne apenas uma estatística e fez um apelo às autoridades do Estado.
“A gente não quer vingança, a gente quer justiça. Eu quero fazer aqui um apelo às autoridades constituídas do estado do Mato Grosso, que venham também fazer coro com a gente por justiça, porque isso aí não pode ser mais um número da estatística, porque era um morador de rua, era um qualquer, que era uma pessoa que não tem valor algum pra sociedade. Era uma vida e uma vida não pode ser ceifada dessa forma”, finalizou.
O crime
Ney Muller foi morto com um tiro na cabeça na noite de quarta-feira (09), na calçada da Avenida Edgar Vieira, no bairro Boa Esperança, ao lado da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Ele foi baleado pelo procurador da Assmbléia Legislativa, Luiz Eduardo de Figueiredo Rocha e Silva, que trafegava pela região em uma caminhonete Land Rover.
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Ao avistar o morador de rua, Luiz chamou a vítima para próximo do carro e atirou. Após o disparo, o motorista fugiu em alta velocidade sentido Avenida Fernando Corrêa da Costa.
O procurador foi preso na tarde da quinta-feira (10), quando se apresentou à polícia na Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Cuiabá, e confessou o assassinato do morador de rua. Na ocasião, ele entregou aos policiais a arma de fogo e o veículo, uma caminhonete Land Rover, utilizados no crime.