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Cuiabá, 25 de Novembro de 2024
25 de Novembro de 2024

03 de Setembro de 2023, 10h:35 - A | A

POLÍCIA / CASO CRISTIANE TIRLONI

Delegado detona quem culpa vítimas de feminicídio; "Se fosse homem, a sociedade aceitaria como normal"

Delegado Marcel Gomes de Oliveira ainda explicou que "não é não" e a partir do momento em que prática não é consentida, pode ser considerada estupro.

JOÃO AGUIAR
DO REPÓRTER MT



Os delegados Marcel Gomes de Oliveira e Ricardo Franco, da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cuiabá, detonaram quem culpas as mulheres, vítimas de feminicídio, pelos crimes sofridos, principalmente em comentários nas redes sociais. Essa situação foi amplamente vista no caso da advogada Cristiane Tirloni, morta pelo ex-PM Almir Monteiro dos Reis. Para Franco, se fosse um homem no lugar de Cristiane, saindo com uma mulher logo após se conhecerem, não haveria julgamentos e a sociedade aceitaria como normal.

Cristiane foi morta no dia 13 de agosto, no bairro Santa Amália, na Capital. Ela conheceu Almir durante a madrugada de domingo em um bar próximo da Arena Pantanal, e foi para a casa do homem em seguida.

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Lá, conforme revelado pela Polícia Civil, durante a relação sexual, ela disse "não" para uma situação e acabou sendo asfixiada pelo bandido. “Não é não. Se determinada prática sexual é consentida e outra não é consentida, a partir deste momento, há estupro. E foi o que aconteceu”, afirma Marcel.

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“O fato de uma pessoa ser casada, namorada, consentir, e determinado dia deixar de consentir, se desse determinado dia, a partir desse determinado momento, deixa de consentir, há estupro. É tanto que há prisões de estupros cometidos por maridos contra suas esposas. Porque é casado que não pode cometer estupro? Comete também. Desde que a prática seja cometida mediante violência ou grave ameaça e justamente uma prática sexual não consentida”, acrescenta o delegado.

Marcel também criticou quem culpa Cristiane pelo feminicídio. “A vítima é vítima. A gente tem que trabalhar para justamente desconstruir esse tipo de discurso [de culpar a vítima]. A mulher tem liberdade para sair com quem quiser, o dia que quiser, o horário que quiser. Assim como os homens fazem isso na sociedade”, dispara.

“O fato dela ter ido ou não para a residência, não vem ao caso. Liberdade dela de inteiramente dispor. O criminoso é ele, que a partir do não dela, praticou até o ato nulo”, termina.

O discurso foi compartilhado pelo delegado Ricardo Franco, que culpou a “cultura machista” e o preconceito. “Se fosse um homem, um gênero masculino, ir para a casa de uma namorada que partiu na noite, a sociedade aceita como normal. Agora, quando é uma mulher, ela tem uma certa culpa. Então, esse é o avanço que a gente tem que continuar, para desconstruir”, completa.

O crime

Segundo a Polícia Civil, Almir matou Cristiane durante a madrugada do dia 13, entre meia noite e 2h. Em seguida, ele limpou o sangue da vítima por toda a casa, com creolina e sabão em pó, numa tentativa de dificultar as investigações. Neste tempo, ele deixou o corpo de Cristiane no banco do passageiro do carro dela, um Jeep Renegade verde.

Por volta das 8h30, Almir colocou óculos escuros na mulher e a levou até o Parque das Águas, onde abandonou o corpo. Ele então pediu um carro de aplicativo e voltou para casa.

Ele passou o dia com a namorada e acabou preso à noite, pela Polícia Civil, após rastrearem as antigas localizações de Cristiane pelo celular da mulher.

O inquérito foi concluído nessa quarta-feira (23) e enviado ao Ministério Público de Mato Grosso, a quem cabe a responsabilidade de oferecer a denúncia criminal ao Judiciário.

Almir foi indiciado pela Polícia Civil por feminicídio quadruplamente qualificado, pelos crimes de estupro, que ocorreu antes da morte da vítima, e por fraude processual, em razão de ter limpado a cena do crime.

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Geraldo Otaviano 04/09/2023

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