JOÃO AGUIAR
DO REPÓRTER MT
Investigações da Polícia Civil apontam que o empresário L.Q.G. adulterava lacres de bebidas alcoólicas antes delas serem distribuídas em Cuiabá. Ele é dono de uma grande distribuidora localizada no bairro Jardim Renascer, na Capital.
L.Q.G. foi preso em flagrante na manhã dessa quarta-feira (13) durante cumprimento de mandados da Operação Ceres, deflagrada pela Polícia Civil para desarticular uma associação criminosa que desviada cargas de lotes de cervejas da Ambev, como Budweiser, Skol, Antártica, Brahma e Stella Artois.
>>> Clique aqui e receba notícias de MT na palma da sua mão
“Isso foi comprovado através do exame de perícia que realmente havia cerveja adulterada, falsificada. Me refiro ao lacre da cerveja. A gente ainda não fez uma análise sobre o conteúdo, sobre o líquido propriamente dito, mas os lacres eram adulterados", afirma o delegado Felipe Leoni, da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos (Derf) de Cuiabá.
Leia mais sobre o caso
Funcionários da AMBEV e transportadora integram bando de desvio de carga de cerveja em Cuiabá
Em 2 anos, funcionários da Ambev e transportadora deram prejuízo de R$ 12,8 milhões
Um dos locais que foi alvo de busca e apreensão foi um depósito da distribuidora. Lá, os policiais encontraram as cervejas com lacres adulterados, cigarros contrabandeados e outros. “O depósito nos chamou a atenção a maneira como ele era lacrado, quase que um bunker de peça. Foi muito difícil a gente conseguir ingressar ali para poder ter acesso na parte interna”, explica.
Ainda segundo o delegado, L.Q.G. é um dos grandes distribuidores de bebidas em Cuiabá, principalmente para mercados e bares, e o preço era sempre abaixo do praticado no mercado, por conta dos produtos desviados.
“Normalmente é o que acontece, eles conseguem, por conta da pratica do crime de roubo/furto de cargas, eles conseguem colocar um preço que ninguém consegue competir”, salienta Felipe Leoni.
O delegado também afirmou que essa fase da operação é apenas a ‘ponta do icerberg’, e que outras pessoas e outros núcleos da quadrilha devem ser descoberto no decorrer das investigações.
Leia mais sobre o caso
Dono de distribuidora em Cuiabá é preso com R$ 1,3 milhão escondido em cooler
Funcionários que não entravam em esquema de desvios de cervejas eram ameaçados de morte
Conforme o delegado Guilherme Bertolini, da Derf, dentro da casa do empresário foi localizado mais de R$ 1,3 milhão em dinheiro. O montante estava escondido dentro de um cooler de cervejas, que ficava no quarto do alvo.
O empresário foi detido em flagrante pelos crimes de receptação qualificada, contrabando e expor a venda produto alimentício falsificado ou adulterado.
O esquema
De acordo com a Polícia Civil, os investigadores apuraram que os desvios eram praticados por funcionários da cervejaria AMBEV e de duas empresas que prestam serviços de logística à fabricante.
A execução dos crimes contava com a participação de empregados, que atuavam nas funções de conferencistas, porteiros, motoristas, ajudantes de motorista, carregadores, entre outros.
O grupo envolvido desviava mercadorias que eram devolvidas por clientes da cervejaria. Para isso, era falsificada uma declaração por parte do conferencista e do porteiro confirmando que houve a entrada dos lotes de cervejas na fábrica. Em seguida, as cargas das bebidas eram desviadas aos receptadores.
Os lotes de cervejas seguiam, então, para os receptadores, um deles uma distribuidora localizada na Avenida Arquimedes Pereira Lima, no bairro Jardim Renascer. Dois funcionários da distribuidora tinham conhecimento do esquema criminoso.
Prejuízo financeiro
Informações fornecidas pela fabricante de bebidas, a partir do sistema de controle de inventário, apontaram um prejuízo estimado em quase R$ 12.800 milhões. Os números foram apurados nas diferenças de itens de estoque levantadas pela cervejaria no inventário mensal nos anos de 2021 e 2022.
O inquérito policial instaurado apura os delitos de associação criminosa, lavagem de dinheiro, furto qualificado, receptação qualificada e falsidade ideológica contra uma quadrilha que se associou para desviar bebidas alcoólicas de cinco marcas produzidas pela cervejaria nacional.
A investigação da Polícia Civil iniciou a partir do recebimento de uma denúncia da Associação Brasileira de Combate à Falsificação apontando que estavam ocorrendo desvio frequentes de lotes das marcas Budweiser, Skol, Antártica, Brahma e Stella Artois da Ambev.
olho vivo 17/09/2023
Modus operando conhecido.... Grandes redes atacadistas são vítimas desse tipo de esquema
1 comentários