SILVANA RIBAS
A GAZETA
O técnico em enfermagem David Magalhães, 67, foi morto com um tiro pelas costas que atingiu o coração, na cozinha de casa, quando surpreendeu ladrões na madrugada de ontem.
O crime aconteceu no bairro Novo Terceiro, há uma quadra onde foi morto por ladrões há 5 meses o vizinho dele, o salgadeiro Aluizio Chagas dos Santos, 56. O segundo latrocínio (roubo seguido de morte) em curto espaço de tempo revoltou a comunidade, que diz não saber o que fazer com os ladrões que invadem as casas. Mesmo gradeadas e com os muros altos e cercas elétricas, não conseguem deter a ação dos marginais.
No caso de Aluizio, também morto a tiros, o assassino, um adolescente de 14 anos, foi apreendido e liberado depois de passar por um curto período de internação no Centro Sócioeducativo (Pomeri).
Segundo familiares de David, que ontem aguardavam a liberação do corpo para o velório, ele trabalhava no Pronto-Socorro de Cuiabá e estava dormindo com a esposa quando ouviu barulho na cozinha, por volta da meia-noite e meia.
Ele se levantou e, armado com um facão, foi para a parte dos fundos da casa. A esposa, de 60 anos, ficou no quarto e se levantava quando ouviu o som de uma cadeira sendo quebrada. Quando se preparava para deixar o quarto e ir ao encontro do marido, ouviu o disparo. Então voltou, trancou a porta e começou a gritar por ajuda ao vizinho da casa ao lado, pela janela do banheiro.
Quando os vizinhos chegaram já encontraram o técnico de enfermagem morto. Ninguém conseguiu ver quantos criminosos eram. Mas a família acredita que eram pelo menos 2, já que a vítima foi morta pelas costas. Possivelmente, enquanto se deparou com um deles e começou a lutar, o outro surpreendeu a vítima e fez o disparo.
Na pressa, depois do disparo, segundo a família, os criminosos não levaram nada e deixaram no local chinelos e celulares, que foram recolhidos pela Polícia Técnica.
De acordo com um genro da vítima, que deixou 5 filhos e netos, os ladrões entraram pelo portão da frente, que teve o cadeado estourado. Depois, arrebentaram a fechadura da porta da cozinha. Foi possivelmente este barulho que acordou o técnico.
A família acredita que como o veículo Fox da vítima não estava na garagem, por ter sido levado para reparos em uma oficina, os marginais acreditaram que os moradores haviam viajado. A casa, situada na rua Virgílio Marciano da Cruz, está localizada nos fundos do Centro Comunitário do bairro.
A preocupação com a violência crescente no bairro foi citada por David há 2 meses, em matéria veiculada no dia 15 de agosto, no jornal A Gazeta. Ele abriu suas portas para a reportagem do Projeto Viva Seu Bairro e mostrou a quantidade de grades e cadeados que protegiam a casa.
Ele e a esposa Brailde Magalhães, disseram que viviam no Novo Terceiro desde a fundação, há 36 anos. Mostrou a grade reforçada do chão ao teto, na parte frontal da residência, além dos cadeados principalmente nos 2 portões de entrada, que jamais ficavam abertos.