LUIS VINICIUS
DA REDAÇÃO
O Inquérito Policial Militar (IPM) realizado pelo Corpo de Bombeiros para apurar a morte do aluno soldado, Rodrigo Patrício Lima Claro, 21, que morreu no dia 15 de novembro, após participar de um treinamento aquático, na Lagoa Trevisan, em Cuiabá, indica que a tenente Ledur, que é acusada de torturar psicologicamente e fisicamente com sessões de afogamento, o aluno no dia do treinamento, é considerada isenta das acusações de ter cometido homicídio ou tentativa de homicídio, já que no inquérito não ficou caracterizado nenhum dos dois crimes.
“Não há indícios de cometimento de homicídio ou de tentativa de homicídio contra o aluno a soldado Rodrigo Patrício Lima Claro durante a instrução de travessia na Lagoa Trevisan, no dia 10/11/2016”, diz o trecho documento.
No entanto, o relatório que possui 11 páginas e que foi coordenado pelo coronel Alessandro Borges Ferreira apontou que os coordenadores do 25º Curso de Formação de Soldados, tenente coronel Licínio Ramalho Tavares, o tenente coronel Marcelo Augusto Reveles e a tenente Isadora Ledur de Souza Dechamps, foram negligentes com a segurança do local, ao não disponibilizar uma ambulância e equipamentos adequados para primeiros socorros no dia do treinamento.
>>> Clique aqui e receba notícias de MT na palma da sua mão
O relatório destaca que possa haver indícios de crime militar por parte da tenente contra o dever funcional e contra o aluno que morreu internado na UTI do Hospital Jardim Cuiabá, cinco dias após passar mal no treinamento.
Diante dos fatos, não só a tenente Ledur, mas como o tenente coronel Licínio e o tenente coronel Marcelo deverão responder a procedimento. O inquérito foi encaminhado para a Corregedoria do Corpo de Bombeiros que dever dar prosseguimento ao caso e as devidas punições aos acusados.
“Não há indícios de cometimento de homicídio ou de tentativa de homicídio contra o aluno a soldado Rodrigo Patrício Lima Claro durante a instrução de travessia na Lagoa Trevisan, no dia 10/11/2016”, diz o trecho documento.
O documento aponta ainda que a tenente Ledur, não cumpriu os objetivos no treinamento ao liberar o aluno para se deslocar por meios próprios até a coordenação mesmo após Rodrigo ter dito que estava com dor de cabeça. A tenente, conforme o documento, agiu com imprudência ao exigir do aluno habilidades e técnicas que não faziam parte da ementa do curso, como as sessões de afogamento.
O coordenador Licínio Ramalho Tavares deve responder o inquérito por não exigir o cumprimento do que prescrevia o projeto pedagógico do curso como a disciplina de salvamento aquático.
Investigação
Durante os quase 90 dias de investigação, todos os alunos e os militares presentes no dia do treinamento foram ouvidos. A previsão era de que as atividades ocorressem durante toda a tarde do dia 10 de novembro, mas no meio do treinamento Rodrigo alegou que estava muito cansado e com dores de cabeça e pediu dispensa. Ele foi liberado e seguiu sozinho para a coordenação do curso.
O aluno foi levado para a policlínica do Verdão pelo tenente coronel Licínio. Rodrigo apresentava vômitos e convulsões.
De acordo com o depoimento dos demais alunos do curso, "a tenente Ledur era abusiva com eles e cometia excessos. Ela perseguia os alunos e principalmente o soldado Rodrigo, pois este apresentava dificuldade nos treinamentos na água", diz trecho do inquérito.
Narra o relatório que o treinamento de salvamento era realizado em duplas, de modo a unir alunos com mais habilidade com outros que apresentavam dificuldade em trabalhos na água.
O parceiro de Rodrigo no treinamento, relatou que no dia a tenente afirmou que “iria pegar o aluno na lagoa” e que durante todo o percurso, de mais de 500 metros, tentava afogá-lo o afundando na lagoa.
A testemunha relata que em determinado ponto, a tenente submergiu a cabeça do soldado por várias vezes. O soldado M.S.S, também fez dupla com Claro e contou que a certa altura do percurso a tenente agarrou o soldado Claro pela cintura. A testemunha disse que ainda tentou nadar arrastando os dois e que durante a tentativa a tenente subiu em cima do soldado tentando afundá-lo.
Outras testemunhas contaram fatos semelhantes e que ao chegar à margem na lagoa, ele estava com os lábios roxos, reclamando de fortes dores de cabeça e vomitando muita água.
Polícia Civil
Sobre o inquérito comandado pela Delegacia de Homicídios de Proteção a Pessoa (DHPP), está na reta final. Apenas falta marcar o dia em que a tenente Ledur irá depor. A responsável pelo inquérito a delegada Juliana Chiquito Palhares está participando de Curso Superior de Polícia (CSP) e a data para o depoimento da oficial ainda não foi definida.
Leia mais:
Colegas de bombeiro morto relatam série de torturas e humilhações em treinamento
Corpo de Bombeiros barra promoção de tenente acusada de perseguir aluno
Treinamento de bombeiros pode mudar se comprovado excesso de tenente
Morre aluno do Corpo de Bombeiros que passou mal após treinamento
Paulo Jr 20/02/2017
Como todos os outros comentários, difícil de esperar um resultado diferente sobre o ocorrido... essa Tenente já tem um histórico de abusos em treinamentos há tempos e o seu comando sempre foi conivente... inclusive após passar mal deixando o aluno ir embora sozinho... uma vergonha para uma instituição que fica acobertando o erro dos seus, e essa tenente deveria ter vergonha e no mínimo pedir desculpas a família. mas como no Brasil o errado é sempre o que morre, fazer o que né?? Apesar do trocadilho infame é Claro que tudo vai acabar em injustiça e corporativismo do Corpo de Bombeiros do Estado de MT. Meus Pêsames e que a justiça Divina ensine a essa Tenente o significado verdadeiro da palavra honra.
Willian 15/02/2017
Besta de quem acreditasse que o resultado seria diferente. Lembram do caso dos dois oficiais que mataram um negro no bar (estudante da África que fazia intercambio na UFMT)? Até autoridades vieram de lá. O que deu? Os oficiais também foram inocentados. Não sei quem é mais corporativista, se a classe política ou a militar. Só sei que nenhuma...
Maria Regoina Silva 15/02/2017
Pelos relatos da testemunhas, são nítidos os abusos cometidos pela tenente Isadora. Que a delegada Juliana mostre sua competência e imparcialidade na condução do caso.
alexandre 15/02/2017
alguem esperava resultado diferente ? pelos fatos narrados é dificil acreditar...
4 comentários