RENAN MARCEL
O deputado federal Valtenir Pereira (PROS) pode ter arriscado a sua candidatura à reeleição com a decisão de sair do Partido Socialista Brasileiro (PSB), do qual era presidente regional em Mato Grosso até a última quinta-feira (26). A avaliação é do analista político Alfredo Mota Menezes, que analisou a conjuntura política do parlamentar ao RepórterMT.
De acordo com o Alfredo, a saída de Valternir é intrigante e representa uma perda importante para os socialistas. O analista questiona os argumentos do parlamentar, que alegou sofrer perseguição dos membros do partido e acusou o grupo do prefeito Mauro Mendes (PSB) de tentar naufragar sua candidatura reeleição pela sigla.
“Como o partido pode perseguir o seu presidente, que é um deputado federal?”, questionou ao explicar que a presença de um deputado federal em um partido traz vantagens na arrecadação do Fundo Partidário, recursos federais destinados aos partidos.
“Um deputado federal é até mais importante que a presença de um senador, por causa do Fundo Partidário e da delimitação do tempo na TV durante a campanha eleitoral”, explica.
Os argumentos do parlamentar também foram rebatidos pelo próprio Mendes, que apontou melindre e interesses pessoais por parte de Valtenir. O prefeito disse que o deputado está deixando a legenda por não querer abrir mão dos cargos que pessoas indicadas por ele ocupam no Governo Federal.
“Conversa fiada, ele é o presidente do partido, foi eleito e homologado. Quem entende um pouquinho de política sabe que isso é conversa fiada dele. Valtenir está saindo do PSB e deveria, com clareza, dizer a verdade e não ficar arrumando justificativas para tentar se colocar como vítima e como coitadinho. Existem cargos federais que ele ocupa e ele não quer abrir mão desses cargos. É isso que ele deveria ter coragem de dizer à sociedade”, disparou Mendes à época.
Para o analista, a crise envolvendo o ex-presidente da legenda demonstrou incapacidade de partilhar o poder. “Os fatos demonstram que o Valtenir não convive bem dividindo o poder político e o espaço dentro do partido”, sentenciou Alfredo.
Valternir entregou sua carta de desfiliação na última quinta-feira (26). A decisão, segundo ele, é “irrevogável” e “irretratável”.
Se o medo do parlamentar era naufragar a reeleição no PSB, ele pode ter colidido com um iceberg com a mudança de partido, conforme avaliou o analista:
“Ele está arriscando a candidatura dele no ano que vem. Está saindo de um partido que já tem 'corpo' e tem um candidato à Presidência da República, para migrar para um novo partido. Pequeno, desconhecido e que vai precisar se formar rapidamente. E que não tem um candidato a presidente”, disse Alfredo, se referindo ao governador de Pernambuco Eduardo Campos, que tentará a sucessão de Dilma Rousseff (PT) em 2014.
Na primeira tentativa de cooptar novos nomes ao PROS, o deputado "deu com os burros n'água". Valtenir convidou a bancada do PSDB da Câmara de Vereadores de Cuiabá para ingressar na nova legenda e foi rejeitado. O parlamentar assediou também o deputado estadual Guilherme Maluf, que não ficou feliz com o "convite". Maluf foi quem aconselhou os parlamentares cuiabanos a não aderirem à debandada proposta por Valternir. O tucano orientou os colegas a permanecerem na sigla com vistas à eleição de Aécio Néves na presidência da República e do deputado federal Nilson Leitão, que tentará a reeleição.
MENDES NA PRESIDÊNCIA
Após a saída de Valtenir, o prefeito Mauro Mendes foi escolhido para presidir o PSB. Mendes terá como vice a deputada Luciane Bezerra, que conversou com o RepórterMT sobre as mudanças na legenda.
Segundo ela, o principal foco do grupo é trazer novos filiados e efetivar o ex-senador Antero Paes de Barros e o empresário do ramo de transportes de Várzea Grande, Vanderlei Botelho, no comando das articulações para 2014.
O argumento que está sendo usado para conquistar novas filiações é o nome do senador Pedro Taques (PDT), padrinho político de Mendes. O pedetista é tido como favorito na disputa pelo Governo do Estado e, de acordo com Luciane, é o “carro-chefe” dos socialistas nesse convencimento. A deputada criticou os recém-criados PROS e Solidariedade, e disse que ambos são continuações dos governos Dilma e Silval Barbosa (PMDB).