ANDRÉ MICHELLS
DA REDAÇÃO
No último fim de semana, um rapaz acidentado de moto precisou de uma cirurgia devido ao traumatismo craniano encefálico sofrido. Levado ao Pronto Socorro pelo SAMU, o jovem teria padecido, não fosse a união da família que se esforçou para comprar um equipamento chamado Craniótomo, usado para abrir a calota craniana, em casos de edema cerebral e outros traumas graves. O aparelho custou R$ 1.500,00.
Segundo fontes ligadas a família do rapaz, o hospital não dispunha de tal equipamento, pelo menos não em condições de uso. A família, em pleno domingo, 26 de dezembro, achou o representante da empresa que comercializa tal aparelho e fez a compra. Com o aparelho em mãos a cirurgia foi realizada.
O acidentado, agora, está em situação estável, removido para a UTI do PS de Várzea Grande, porque no PS de Cuiabá não havia vagas. Por meio da assessoria de imprensa, o diretor técnico da Secretaria de Saúde de Cuiabá, Roberto Bicudo, negou o ocorrido.
'Todas as cirurgias são feitas normalmente nestes casos e não há relato técnico sofre a falta do equipamento na unidade hospitalar", disse.
A assessoria informou que caso seja comprovado, a família pode requerer o ressarcimento da despesa com o aparelho. Mas a questão é muito mais profunda. Não se trata de dinheiro e sim de descaso.
Teria a mesma sorte alguém sem recursos para comprar tal equipamento? Em Cuiabá, 70% dos acidentados de trânsito, que dão entrada no PS, são motociclistas. Muitos com traumas graves como o deste rapaz citado.
A situação no PS é complicada há vários anos. A falta de investimentos ao longo dos anos e o constante desvido de recursos para outros fins, aliados à má gestão, transformaram o Pronto Socorro numa bomba relógio prestes a explodir.
Nesta semana veio à tona a morte de cinco bebês que estavam na UTI Neonatal do hospital. As crianças morreram por choque séptico e insuficiência respiratória e hepática.
A UTI está fechada desde segunda-feira (27). Os exames apontam para infecção por bactérias. De acordo com o infectologista e coordenador da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Pronto-Socorro, Luciano Ribeiro, até o momento foram registrados a presença da bactéria em três casos, sendo uma morte confirmada por infecção na corrente sanguínea.