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Cuiabá, 05 de Fevereiro de 2025
05 de Fevereiro de 2025

15 de Novembro de 2010, 14h:00 - A | A

POLÍTICA /

Mirante do Centro de eventos vira ponto de tráfico, assaltos e rachas



CAROLINE ROGRIGUES
DE A GAZETA


Bebidas, drogas, manobras arriscadas com veículos e crimes marcam o ponto de encontro do "Mirantinho", localizado na frente do Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá. Nos finais de semana, jovens se reúnem no lugar, que seria um dos pontos turísticos da cidade, e deixam um rastro de destruição. O banco de concreto, que deveria servir para as pessoas apreciarem a paisagem, foi destruído e os restos estão jogados na mata, junto com garrafas de bebida, gelo, papelotes de entorpecente e fezes. Na semana passada, o tapeceiro Osmar Ramos de França, 24, foi morto, no meio de outras pessoas com 4 tiros.

O movimento começa por volta das 2h e não tem hora para terminar. Funcionários do Centro de Eventos contam que alguns perdem a noção do tempo e chegam a ficar até às 9h, bebendo e consumindo drogas.

Um trabalhador conta que viu um casal chegando de moto, por volta das 7h. Sem nenhuma preocupação com a Polícia, os 2 distribuíram cocaína em fileiras e começaram a cheirar na frente do Centro.

A venda de droga é livre no espaço, tanto que a reportagem encontrou papelotes, conhecido como "pára-quedas", descartados no chão do "Mirantinho".

Na calçada, existe um ponto de ônibus e um usuário do transporte coletivo encontrou 5 papelotes cheios em cima do banco. Ele acredita que o material foi escondido pelos jovens ou esquecido. Como tinha chovido, o produto estava molhado e não foi possível saber o que era.

A área é isolada e as pessoas aproveitam da condição para fazer disputas de som automotivos. Parte dos competidores vieram dos postos de combustível da Capital, onde a Polícia Militar (PM) impede o barulho excessivo.

Os funks agressivos e as músicas conhecidas como "pancadão" servem para estimular os motoristas, que costumam tirar "rachas". Na semana passada, um condutor perdeu o controle e bateu no portão de acesso ao Centro de Eventos. A estrutura ainda está amassada e com marcas da solda.

Frequentadores relatam que os carros ocupam toda a rotatória e a fila chega a 50 metros. As pessoas ficam em todos os cantos e algumas chegam a entrar na mata, por estradas clandestinas para consumir droga e fazer sexo.

Com aumento do número de pessoas, o encontro virou uma oportunidade de comércio. Ambulantes instalam barracas para vender cerveja e espetinho.

Depois do evento, o lixo fica espalhado por toda a área. Grande parte é de garrafas de vodca, uísque e cerveja. As pessoas usam a mata como banheiro e o cheiro pode ser percebido de longe.

Trânsito - Além dos "rachas", os motoqueiros dão um show exclusivo. Os motociclistas fazem manobras arriscadas, algumas semelhantes a malabarismo. No asfalto estão as marcas de pneus. Toda a falta de prudência e respeito às leis de trânsito são aplaudidas pelas pessoas que assistem.

Quando os funcionários do Centro de Eventos chegam para trabalhar, precisam desviar dos frequentadores e ter paciência, porque os carros bloqueiam o tráfego.

As brigas e confusões são constantes, mas os próprios usuários resolvem a situação porque chamar a Polícia significa o fim da festa. Os vigilantes já presenciaram várias brigas, algumas com a participação de mulheres.

Apenas nos casos mais sérios, como de homicídio ou agressão com arma de fogo, a denúncia chega às autoridades.

No caso de Osmar Ramos, testemunhas disseram que o autor do crime chegou em uma caminhonete, modelo Montana. Ele desceu do carro com a arma na mão e apontou na direção da vítima. O assassino fez vários disparos e, quando Osmar caiu no chão, foi atingido na região da cabeça.

O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e o delegado responsável, André Renato Gonçalves, diz que as investigações estão próximas de um desfecho. As testemunhas estão sendo ouvidas e Gonçalves optou por não anunciar o nome do suspeito para não prejudicar as investigações.

Assaltos - A escuridão do lugar, bem como o isolamento, atraem os ladrões, que têm como alvo carros e sons automotivos. Em outubro, 2 carros foram roubados em menos de 24 horas no "Mirantinho". Os crimes aconteceram durante a madrugada.

Os assaltantes roubam os frequentadores e depois fogem pela mata, dificultando a localização pela Polícia. Além dos veículos, celulares, dinheiro e até mesmo roupas de grife são levadas.

Os vigilantes do Centro de Eventos do Pantanal também são vítimas. Apenas este ano, 3 revolveres foram roubados. Em um dos assaltos, o vigia e outros 2 funcionários foram trancados na guarita.

Outro lado - O comandante da Base Comunitária do bairro Ribeirão do Lipa, capitão Fábio Luiz Bastos, diz que a Polícia faz rondas frequentes no lugar. O problema é que a mata serve como esconderijo para as drogas e armas.

Bastos explica que quando os usuários são abordados, os policiais não encontram a prova do crime. O ponto de encontro também não acontece todos os dias. Então, nem sempre a denúncia chega à Polícia, porque não existe casas nas proximidades.

O capitão assegura que a pessoa que vai para um lugar isolado como o "Mirantinho" deve ter consciência do perigo. O espaço é favorável porque facilita a fuga dos criminosos e as vítimas estão expostas.

O comandante declara que não há muitos registros de crime no local e sempre que acontece a abordagem, as pessoas são advertidas sobre o risco de usar o espaço para diversão e encontros amorosos.

No ano passado, também houve morte no ponto. Um rapaz tentou roubar o aparelho de som do carro de um Policial Federal. O agente reagiu e matou o criminoso.

Bastos argumenta que não pode centralizar o trabalho no "Mirantinho" porque a prioridade é atender a área residencial. Mesmo com a limitação de recursos, a base está planejando uma operação maior para tentar reduzir a movimentação.

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