MARCIA MATOS
DA REDAÇÃO
O município de Várzea Grande, que possui a segunda maior densidade populacional de Mato Grosso, comemora nesta quinta-feira (15) seus 147 anos de fundação, mas a data que conta com vasta programação comemorativa, também tem sido marcada por manifestações, provenientes principalmente dos servidores da educação municipal. Em entrevista ao RepórterMT, o prefeito Walace Guimarães (PMDB), que de acordo com uma pesquisa do Instituto KGM, divulgada no dia seis de maio, teve sua gestão reprovada por 82,5% da população várzea-grandense, se disse injustiçado, falou das dificuldades, da falta de apoio do governo, da perda da esperança nas obras da Copa e avaliou o período de um ano e quatro meses à frente da Prefeitura.
"A sociedade diz que a cidade de Várzea Grande está péssima ,ruim, mas não é o prefeito Walace que está péssimo e ruim"
REJEIÇÃO
Aparentemente diante de um “inferno astral”, Walace mantém o otimismo. Para o prefeito nem as manifestações, nem a pesquisa em questão indicam a rejeição de sua gestão. Para Walace a população reivindica melhorias, mas continua confiante em sua atuação. Quanto à pesquisa, o prefeito colocou o resultado em dúvida.
“ Primeiro tem que ver a credibilidade da pesquisa. Eu estou fazendo uma pesquisa para saber minha avaliação. Não quantitativa, mas qualitativa. A sociedade diz que a cidade de Várzea Grande está péssima ruim, mas não é o prefeito Walace que está péssimo e ruim. Está todo mundo com muita esperança ainda, de que o prefeito consiga reconstruir a cidade, porque quem destruiu a cidade não fui eu”, declarou.
Segundo Walace reclamam porque não sabem dos investimentos já feitos pelo município. O prefeito ressalta que desde o início do seu mandato não houve divulgação de suas ações porque não havia uma agência de publicidade licitada. Agora com o ato recém homologado a expectativa do prefeito é melhorar sua imagem pública.
INJUSTIÇADO
Walace que assumiu a Prefeitura após uma grande crise política, que levou o município a uma sucessão de diversos prefeitos, se diz injustiçado por estar respondendo pelas falhas anteriores.
“Pegamos uma cidade com R$ 460 milhõees de dívida, com R$ 15 milhões de folha atrasada, com R$ 5 milhões de consignados de servidores atrasados, até este prédio [da Prefeitura], construído há 10 anos atrás quem pagou a primeira parcela fui eu. Então não tem milagre, você tem que pagar as dívidas para fazer os investimentos”, pontuou.
A parcela paga pelo prefeito da construção iniciada há 12 anos seria de R$ 1 milhão 560 mil.
"Tínhamos R$ 1 milhão e 400 mil de investimentos do Estado no Pronto Socorro e isso reduziu R$ 400 mil"
SEM APOIO
Durante o relato de suas “mazelas” o prefeito, que apoiou as eleições do governador Silval Barbosa (PMDB) e da presidente Dilma Rousseff (PT), destacou que mesmo sendo aliados, conquistar parcerias não é tão simples assim. Walace frisou o prejuízo que teve com corte nos repasses da saúde.
“Tive dificuldades sim. Não podemos negar as dificuldades. Por exemplo: tínhamos R$ 1 milhão e 400 mil de investimentos do Estado no Pronto Socorro e isso reduziu R$ 400 mil. Isso para nós é uma perca tamanha, com esses R$400 mil eu mantinha o Pronto Socorro de medicamentos. Eu tive que investir 30% de recurso próprio da Prefeitura na saúde, sendo que o meu constitucional seria 15 %.”, reclamou.
Ainda sobre as dificuldades junto ao governo, o prefeito detalhou que teve muito trabalho para convencer o governador sobre as necessidades do município.
“Agora tivemos conversações e tivemos parceria com o governo, que está me arrumando R$ 20 milhões para fazer recapeamento na cidade. O governador tinha o entendimento de que Várzea Grande já estava recebendo muito pelas obras da Copa. Eu consegui passar para o Silval que se a gente está recebendo, Cuiabá está recebendo muito mais e que Várzea Grande precisaria receber também nas questões estruturais, nos bairros e não só do centro. Não só na Feb no aeroporto. Ele entendeu. Já fizemos o convênio e já estamos aplicando”, afirmou.
De acordo com o prefeito serão R$ 20 milhões do Estado e R$ 20 milhões da Prefeitura destinados para recapeamento das vias na cidade.
ALTA DA CRIMINALIDADE É FALTA DE POLÍCIA
Atualmente o aumento do índice de criminalidade vem “roubando a cena” das reclamações sobre a quantidade de buracos na cidade. Diante desta crise de insegurança pública, o prefeito dispara contra a gestão de Silval. Ressaltando que isso é reflexo da falta de policiais, Walace aproveita a ‘deixa’ e divulga que um de seus grandes feitos será a o reforço da “tropa municipal”.
“Falta efetivo da Polícia Militar e da Polícia Civil no município de Várzea Grande. Bastante efetivo e uma ação mais ostensiva mais preventiva da PM. Tenho conversado com o governador, com o secretário de segurança, com o comandante paredes de Várzea Grande e a alegação é que não tem o número de efetivos suficientes ainda, mas que com os novos concursos [ainda sem previsão] vão mandar para Várzea Grande pelo menos mais 200 efetivos. Eu estou fazendo minha parte eu tenho 100 guardas municipais, chamei mais 60 no concurso. É o que eu posso chamar e é o que eu posso pagar”, destacou.
Orgulhoso, o prefeito fez questão de frisar que está qualificando os profissionais que vão atuar armados a partir do mês de julho.
“Aí nós vamos começar as ações fortemente nos bairros. Serão ações orientativas, blitz e desmanchamento de boca de fumo, fazendo o trabalho que tem que fazer, porque a nossa guarda é uma guarda armada e preparada para isso”, avisou.
"Confesso para você que eu torço muito, mas que eu não estou acreditando totalmente”
DESCRENTE DAS OBRAS DA COPA
A menos de um mês para a Copa do Mundo, o prefeito que comanda uma cidade que vive um caos pelas intervenções urbanas, que têm afetado diretamente qualquer um que precise chegar ou sair de Várzea Grande, Walace não se mostra nada otimista com relação à finalização das principais obras no município até o dia 13 de junho. Para ele pouca coisa fica realmente pronta a tempo.
“Estou torcendo muito, porque infelizmente o que posso fazer agora em relação às obras da Copa é torcer. Mas eu acho que o aeroporto vai dar uma condição de atendimento, talvez não completa totalmente a obra, mas vai dar. A FEB [principal avenida da cidade], eu confesso para vocês que estou um pouco preocupado. Eu estava mais esperançoso, mas eu acho que pelo menos as vias de asfalto, eu acho que vão ocorrer. Agora dizer para você que vamos ter a cidade que nós gostaríamos para receber os nossos turistas, que estão vindo aí, eu confesso para você que eu torço muito, mas que eu não estou acreditando totalmente”, declarou.
“CONSEGUI FAZER 20%”
Finalizando a entrevista, o prefeito já mais a vontade desabafou que o “fardo” da Prefeitura foi bem mais pesado do que esperava, o que o impediu de cumprir no primeiro ano promessas de campanha como o passe livre para os estudantes. Em sua auto avaliação Walace frisou que fez menos da metade do que projetou.
“Eu consegui fazer o que era preciso com o pouco recurso que eu tinha. Com certeza não fiz praticamente nada do que eu desejava, pagando despesa que não era minha”, defendeu.
Sobre a sua avaliação perante a população ele pede que aguardem o restante de seu mandato para julgá-lo.
“ A gente sabe que a principal reivindicação hoje é buraco, porque o buraco angustia a sociedade. Segunda reclamação é saúde segurança. Agora é o que estou falando nós temos que ter tempo para ajustar a cidade. E eu preciso dos meus quatro anos. Eu quero ser julgado nos meus quatro anos de mandato e não no meu primeiro ano de mandato”, solicitou.