ANA ADÉLIA JÁCOMO
Da redação
O senador Pedro Taques (PDT) comentou nesta quinta-feira (24) a condenação aplicada pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso ao ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, 62 anos. O júri popular determinou pena de 19 anos de detenção em regime fechado pela assassinato do jornalista Sávio Brandão, ex-proprietário do Jornal Folha do Estado, em Cuiabá.
Taques foi ouvido no processo não como testemunha, mas informante. Ex-procurador do Ministério Público Federal, ele ajudou a desarticular a quadrilha de Arcanjo, ex-bicheiro no Estado. Ao RepórterMT, o senador disse que a estratégia do MP é conseguir a condenação de Arcanjo ao máximo de anos possíveis para que Arcanjo, não cumpra menos que a pena máxima prevista no país, que é de 30 anos.
“Não tem como ele ser solto em breve, mesmo já tendo cumprido uma parte da pena [imposta hoje]. Arcanjo é condenado por outros crimes e vai responder por cada um. A estratégia do Ministério Público é conseguir aplicar o máximo de condenação para mantê-lo preso o máximo de tempo”.
Rumores de que Arcanjo poderia ser solto até dezembro foram ventilados após seu advogado, Zaid Arbid, comemorar a pena aplicada nesta quinta-feira. À impresa, ele afirmou que acredita na liberdade do comendador ainda neste ano, já que o crime contra Sávio Brandão aconteceu antes do advento da Lei de Crimes Hediondos. Arbid disse que a acusação "viaja e delira" e que não há provas contra o ex-bicheiro.
Arcanjo precisaria cumprir apenas um sexto da pena em regime fechado. Preso desde 2006, ele teria condições de gozar do regime aberto ou semi-aberto. Em entrevista concedida instantes após a condenação, Arbid declarou que seu cliente se sentiu “aliviado” com a decisão.
Em dezembro de 2003, a Justiça Federal em Mato Grosso condenou Arcanjo a 37 anos de prisão por formação de organização criminosa, crime contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro.
Na mesma sentença, o juiz Julier Sebastião da Silva, da 1ª Vara Federal de Cuiabá, condenou a prisão outras cinco pessoas pelos mesmos crimes e determinou o confisco dos bens do grupo --imóveis, carros, jóias, aviões, títulos de crédito e valores depositados em bancos, avaliados em US$ 500 milhões. No entendimento de Pedro Taques, somadas as condenações já impostas e as que ainda podem ocorrer, o comendador não teria direito ao benefício já que, 1/6 das penas somadas, daria muito mais tempo do já cumprido até agora.
Durante o depoimento na Justiça, realizado na tarde desta quinta, o senador Pedro Taques afirmou que trocava informações com o Ministério Público Estadual (MPE), e também investigava assuntos relacionados ao réu. Enumerou todas as mortes praticadas nas ruas de Cuiabá, totalizando oito. João Arcanjo é acusado de todas elas.
O promotor João Gadelha argumentou que há muitas provas da participação de Arcanjo na morte de Brandão. "Não há outra pessoa que tivesse interesse em ceifar a vida de Sávio Brandão a não ser a pessoa de João Arcanjo", declarou.