CAMILLA ZENI
DA REDAÇÃO
O governador Mauro Mendes (DEM) revelou que considera, no mínimo, suspeitas as fugas de presidiários registradas neste mês de janeiro, após movimento grevista dos policiais penais de Mato Grosso.
Segundo o governador, a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) já está apurando a situação, uma vez que casos de fuga de detentos não são comuns no Estado.
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“A Secretaria está apurando, porque não é comum. Fazia tempo que não se ouvia falar em fugas aqui. Agora, no meio de uma greve, se ouvir falar em fugas? Tem fugas aí, no mínimo, ridículas. Aquilo que aconteceu em Água Boa houve uma falha grave ou omissão, então tem que ser apurado”, comentou o governador, em entrevista à rádio Vila Real FM nessa terça-feira (25).
“Cá entre nós, o cara furar um burado, cavar aquele mundalhão de terra, vários dias… Não é possível que ninguém viu. Tem muito cheiro, indícios de negligência, ou até mesmo de conivência, mas quem vai apurar isso é a sindicância”, completou.
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A greve dos policiais penais teve início em 16 de dezembro, quando a categoria passou a reivindicar equiparação salarial às outras forças e a recomposição salarial pelos últimos 10 anos. Entretanto, não aceitou a primeira tentativa de acordo com o governo e seguiu em greve até 3 de janeiro, quando a paralisação foi suspensa para a reabertura das negociações.
Uma nova reunião dos sindicalistas com o Estado foi marcada para o dia 3 de fevereiro, quando o governo vai apontar se é possível acatar o pedido dos policiais penais ou não. Contudo, o governador já deu a entender que o Estado não vai ceder aos pedidos da categoria.
“O governo tem uma postura de que não adianta fazer greve. A gente já falou isso, com muito respeito aos servidores. Não é porque o cara vai fazer greve que o governo vai atender. Não pode se atirar no chão igual uma criança que faz birra e o pai atende. Podemos dialogar? Podemos dialogar, conversar, mas não adianta fazer pressão”, disse o governador.
Fuga dos presídios
Na noite do mesmo dia 3, 14 detentos da Penitenciária Major PM Zuzi Alves da Silva, em Água Boa (730 km de Cuiabá), fugiram do local. Segundo a Sesp, eles cavaram um túnel saindo do espaço de banho de sol até fora da galeria, chegando ao muro do local.
No dia 10, outras três pessoas conseguiram fugir pulando o muro da Penitenciária Central do Estado (PCE). Já no dia 13, cinco fugiram do Complexo Penitenciário Ahmenon Lemon Dantas, em Várzea Grande.
Após diversas especulações quanto à postura dos policiais penais e as fugas dos presidiários, o Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado (Sindspen) negou boatos e culpou a superlotação das unidades prisionais.
“São mais de dois mil reeducandos dentro da unidade para um plantão de mais ou menos 30 policiais penais. É um trabalho extremamente difícil, e por causa das obras, ficou ainda mais complicado manter o controle e a organização dentro da unidade. Ao contrário do que estão supondo, não houve facilitação por parte dos policiais penais para que as fugas acontecessem. Há um problema sério de estrutura e condições precárias”, afirmou o diretor de Imprensa do Sindspen MT, Jota Moraes.
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