DAFFINY DELGADO
DO REPÓRTERMT
O Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) apontou, em outubro do ano passado, em um pedido cautelar de afastamento contra o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), que o gestor municipal furou a fila de vacinação contra covid-19 no ano de 2021, além de ter escolhido a marca da vacina. Apesar dos apontamentos, o pedido de afastamento foi negado naquela ocasião pela Justiça Estadual.
De acordo com o documento, datado de 24 de outubro de 2023, assinado pelo promotor Carlos Roberto Zarour Cesar, o gestor 'ludibriou' a população ao anunciar sua vacinação em junho, mas que na verdade, tinha sido imunizado um mês antes de forma irregular.
>>> Clique aqui e receba notícias de MT na palma da sua mão
Consta no documento que o órgão ministerial também pediu busca e apreensão na casa do irmão do prefeito, Marco Polo Pinheiro, e o desligamento do seu então chefe de gabinete, Antonio Monreal Neto, e do Coordenador Técnico de Tecnologia e Informática da Secretaria Municipal de Saúde, Gilmar de Souza Cardoso.
Leia mais - Emanuel é afastado da Prefeitura de Cuiabá por esquema de corrupção na Saúde
De acordo com Zarour, Emanuel supostamente usou o cargo de chefe do Executivo municipal para beneficiar a si mesmo e pessoas ligadas a ele.
Além disso, Emanuel foi acusado de ludibriar a população cuiabana afirmando, em matéria publicada no site da própria Prefeitura, que tomou a vacina apenas no dia 04/06/2021, em “respeito” ao cronograma de vacinação.
“No dia 17.05.2021 (segunda-feira), Antonio Monreal volta perguntar pra Gilmar se havia agendado o 'chefe' para aquele dia (17) às '10h'. Logo após, precisamente as 08h:45min:15ss, Gilmar encaminha um agendamento com os seguintes dados: SENAI XV DE NOVEMBROPORTO-PORTARIA 17/05/2021, 10h:00:00, F1D8J4K8217803, PRIMEIRA DOSE”, diz trecho do documento.
“Nesse contexto, nos Relatórios Técnicos, é possível identificar, claramente, aproximadamente 26 (vinte e seis) solicitações de agendamento realizadas pelo Prefeito de Cuiabá/MT, EMANUEL PINHEIRO à GILMAR, ocasião que aquele encaminhava o cadastro de vacinação e o CPF dos solicitantes para que esse procedesse a antecipação do agendamento das vacinas”, apontou Zarour.
Apesar dos apontamentos, o desembargador Gilberto Giraldelli do Tribunal de Justiça decidiu não afastar Pinheiro diante daquele pedido, já que Emanuel já estava desligado do comando da Saúde, pois a pasta estava sob comando da Intervenção do Governo do Estado.
O desembargador também negou buscas ao irmão do gestor e aliados.
Afastamento
Na segunda-feira (04), Emanuel Pinheiro foi afastado do cargo após ser apontado como líder de uma organização criminosa atuante na Secretaria de Saúde da Capital. Ele deve ficar fora da Prefeitura por 180 dias.
Leia mais - Emanuel entra com recurso no STJ para tentar derrubar afastamento
No dia seguinte, ele embarcou para Brasília onde já entrou com recurso no Surpemo Tribunal de Justiça.
Outro lado
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá informou o seguinte:
Atendeu com rigor às diretrizes que descreveu o Plano Nacional de Imunização (PNI) (comorbidade e faixa etárias) determinadas pelo Ministério da Saúde para a vacinação da população contra o coronavírus;
A campanha Vacina Cuiabá foi transparente e iniciou-se em 20 de janeiro de 2021;
No Município, inclusive, foi editada a Lei 6.661/2021, fixando multa no valor de R$ 21,8 mil para quem furasse a fila;
Primando pelo zelo, reitera que está à disposição das autoridades para atender a qualquer solicitação versando sobre as informações.