FERNANDA ESCOUTO
DO REPÓRTERMT
O vereador eleito por Cuiabá Rafael Ranalli (PL) garantiu, nessa sexta-feira (8), que encaminhará a denúncia sobre supostos parlamentares beneficiados por facções, já no primeiro dia de mandato. Conforme ele, vereadores teriam sido eleitos com o dinheiro e apoio de criminosos.
"A prova quem recolhe é a polícia, a denúncia é outra coisa. Eu, com qualquer argumento, vou denunciar. A denúncia eu vou fazer no dia que eu tomar posse, porque eu quero fazer essa denúncia como vereador, que eu lembro a todos que eu não sou vereador ainda. No primeiro dia eu vou fazer um ofício sigiloso, obviamente. [...] Vou fazer a coisa formal e quem vai investigar e levantar a prova é a polícia”, disse ele à imprensa.
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"Vou fazer a coisa formal e quem vai investigar e levantar a prova é a polícia"
Em outubro, Ranalli já havia comentado sobre o assunto. Segundo o vereador eleito, o objetivo do crime organizado em entrar no sistema político é poder fazer indicações no Judiciário.
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“Durante a campanha ficou muito claro para todos os candidatos que têm bairros dominados pelo Comando, eu digo politicamente. Que tem bairros dominados todo mundo já sabe, mas agora houve essa interferência direta, coação, extorsão dos moradores para votar ou não”, destacou ele nesta manhã.
“O que vai acontecer na investigação policial é saber se o vereador tem envolvimento ou não, porque às vezes contrata um cabo eleitoral, o cabo eleitoral tem amigo na facção e vai lá e contrata os caras”, completou.
Ao ser questionado do motivo de esperar dois meses para denunciar, ele ponderou que nada impede que ele faça a denúncia antes.
"Nada me impede de ter uma conversa e passar as informações que eu tenho. [...] Vou falar com o Roveri, vou falar com a cúpula da Polícia Civil, vou tentar contato com o Gaeco. O que a gente puder fazer para levar adiante as investigações eu vou fazer", disse.
As declarações de Ranalli “casam” com as do prefeito eleito Abilio Brunini (PL), que também denunciou que uma facção criminosa teria sido procurada para financiar a compra de votos na disputa pela Mesa Diretora da Câmara Municipal.
Abilio disse que alguns vereadores, cujos nomes não foram citados, relataram terem recebido propostas de R$ 200 mil para votar conforme a orientação da facção.
“A gente recebeu informações e estamos apurando de que alguém teria pego um dinheiro emprestado com um líder do Comando para cooptar vereadores para conseguirem votos para montar uma determinada chapa. A gente não tem certeza se essa informação é real, mas a gente está apurando e diz que até vereadores já sofreram assédio ou ofertas. Mas assim, como esses vereadores optaram pelo sigilo, a gente vai fazer uma denúncia em sigilo para respeitar esses vereadores”, contou.
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