JOÃO AGUIAR
DO REPÓRTERMT
O advogado Conrado Pavelski Neto, que representa a família de Cleci Calvi Cardoso, 46 anos, que foi assassinada e estuprada junto com as filhas, na noite de sexta-feira (24), em Sorriso (420 km de Cuiabá), afirmou ao RepórterMT que o restante da família está "em estado de choque" após saber detalhes sobre as mortes das vítimas, na segunda-feira (27).
O autor do crime brutal, Gilberto Rodrigues dos Anjos, 32 anos, foi preso em flagrante pela Polícia Civil horas após a descoberta dos corpos. Ele confessou que matou e estuprou Cleci, e suas filhas Miliani Calvi Cardoso, 19 anos; Manuela Calvi Cardoso, 13; Melissa Calvi Cardoso, 10 anos. A menina mais nova é a única que não foi estuprada. Ela foi morta por asfixia.
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“A família, como é esperado para um caso desse, um caso sem precedentes, está muito abalada ainda, todo mundo muito em estado de choque. Está muito recente ainda. Uma sobrinha das vítimas conversou com a gente, está tentando levar a vida, trabalhar, ocupar a cabeça. Mas ela está em estado de choque, com o emocional muito abalado, então, quando para um pouco para pensar, desaba”, afirmou o advogado ao RepórterMT.
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Além do marido de Cleci e pai das três meninas, Regivaldo Batista Cardoso, a mãe e duas irmãs da mulher estão fazendo tratamento psicológico.
“A gente conseguiu também psicólogas, que estão atendendo a família. Hoje o pai já foi atendido. Estão prestando auxílio para outros familiares, também tem uma irmã da Cleci, que estava bem mal, foi atendida, a mãe da Cleci também, está tendo um suporte, uma atenção maior. A equipe aqui de todo o escritório está fazendo o possível para auxiliá-las ali, auxiliar a família e todas as pessoas ao redor”, explicou o advogado.
Ainda segundo Pavelski, o escritório está prestando todo suporte desde o início. “Desde o velório, as certidões, desde todo o trâmite, estamos auxiliando. A gente não está divulgando porque não é a intenção, mas, estamos prestando todo o auxílio sim, porque realmente a família sozinha precisa ser acolhida”, reitera.
A família de Cleci é da região Sul do Brasil, mas já mora em Sorriso há algum tempo. Regivaldo Batista Cardoso, marido de Cleci e pai das meninas, estava viajando para ver os pais no Paraná quando soube do ocorrido.
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Como já divulgado pelo RepórterMT, Regivaldo não conseguia fazer contato com a esposa e as filhas desde a noite de sábado (25) e mandou áudio desesperado para um amigo, pedindo que passasse pela residência para ver se estava tudo bem. Assim que ficou sabendo das mortes, voltou para Mato Grosso e parte de sua família veio junto.
“Ele [Regivaldo] é evangélico e muito praticante, então ele tem a cabeça muito boa, o raciocínio é muito alinhado, ele consegue compreender os fatos, mas assim, aquele estado de choque ainda, aquele estado que de repente não tem como expressar. É uma coisa que ninguém de nós, qualquer outra pessoa, a não ser ele, consegue sentir. Então está bem, de repente, confuso o sentimento. É muito triste, ele tenta fazer algumas coisas, mas não tem condições nenhuma. Até hoje a gente conversou com ele, mas, enfim, ele tá rezando bastante, ele tem orado bastante, tem pedido muito a Deus para dar forças para ele, e tendo apoio da família, ele tá bem apoiado ali, todo mundo também”, salienta o advogado.
Ainda conforme Pavelski, o clima também está difícil para os funcionários do escritório. “Até para a gente que está muito pesado, para a equipe aqui do escritório que tem contato direto, está muito pesado, muito pesado mesmo”, declara.
O crime
As vítimas foram mortas na sexta-feira (24), entretanto os corpos só foram localizados na segunda-feira (27), mesmo dia em que Gilberto foi detido.
O bandido trabalhava em uma obra ao lado da casa das vítimas. Na noite de sexta, ele invadiu o imóvel pulando a janela do banheiro e cometeu os crimes. Em seguida, voltou para a obra, retirou as roupas sujas de sangue e guardou em um contêiner.
Na segunda-feira, quando a polícia chegou no local, ele agia normalmente, como se fosse apenas mais um popular "curioso" sobre o crime, assistindo a cena com os colegas de trabalho. Quando a polícia realizou diligências na obra, ele apresentou apenas a cópia da identidade como documento.
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Durante checagem dos dados pessoais, a equipe policial apurou que contra ele havia dois mandados de prisão em aberto, um pela Comarca de Lucas do Rio Verde por crime sexual, e outro pela Comarca de Mineiros, em Goiás, pelo crime de latrocínio.
Questionado, ele ficou nervoso e alegou que não ter ouvido qualquer barulho na casa das vítimas durante o final de semana.
Na casa, a perícia da Politec encontrou marcas de chinelo no piso manchado com sangue. Ao vistoriar os pertences do criminoso, os agentes encontraram um chinelo com as mesmas características das marcas no piso da residência da família e foi confirmado se tratar do mesmo calçado marcado no piso.
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Após ser questionado novamente, o assassino confessou ter cometido os quatro homicídios.
Em confissão à polícia, ele deu detalhes do crime. Ele contou que estuprou três das vítimas enquanto elas ainda agonizavam, após serem esfaqueadas por ele.