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Cuiabá, 26 de Dezembro de 2024
26 de Dezembro de 2024

02 de Dezembro de 2024, 09h:57 - A | A

POLÍCIA / ESQUEMA DE SENTENÇAS

Lobista de MT aumentou patrimônio em 3.000% em dois anos

Lavagem de dinheiro é investigada por vara especializada em Mato Grosso, mas Andreson Gonçalves quer que caso seja levado para a Justiça Federal.

DO REPÓRTERMT



O empresário Andreson de Oliveira Gonçalves, apontado como o lobista responsável por vender sentenças do Superior Tribunal de Justiça (STJ), registrou um aumento patrimonial de 3.052% entre 2014 e 2015 e é alvo de um inquérito que apura a suposta prática de lavagem de dinheiro. A informação é do jornalista José Marques, do jornal Folha de S. Paulo.

“[Andreson é] protagonista de relevante evolução no que tange à propriedade de bens entre os anos de 2014 e 2015, saltando de um patrimônio avaliado em R$ 305.000 para outro estimado em R$ 9.311.540”, diz análise da Polícia Federal, conforme a publicação.

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De acordo com o documento, Andreson não apresentou nenhum novo ganho financeiro que justificasse a evolução naquele período. Entre 2009 e 2015, os rendimentos declarados por Andreson foram de aproximadamente R$ 1 milhão.

Atualmente, o acusado aguarda uma decisão do próprio STJ, para que o inquérito contra ele seja remetido de uma vara especializada em lavagem de dinheiro para a Vara Federal de Cáceres, na fronteira com a Bolívia.

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O relator do caso é o ministro Messod Azulay, que ainda não se manifestou. O Ministério Público Federal (MPF) é contra o pedido.

As apurações sobre o aumento do patrimônio de Andresson começaram em 2011, depois que as autoridades suspeitaram que ele pudesse estar envolvido com tráfico de drogas, após uma viagem para a Bolívia e, posteriormente, entrar em contato com o advogado de um homem que foi preso com quase 300 kg de cocaína.

Ele foi denunciado pelo MPF em agosto de 2015, sob a acusação de crimes de associação para o tráfico e tráfico internacional.

Sua defesa alegou que ele não tinha envolvimento com o caso e que a conversa com o advogado tinha o objetivo de tratar de “um trabalho jurídico em prol do cliente”. Andreson não é advogado, mas se apresenta como bacharel.

Em outubro de 2018, o próprio MPF entendeu que não haviam elementos claros para associá-lo aos crimes imputados e pediu sua absolvição, o que ocorreu no âmbito do Tribunal Regional da 1ª Região (TRF1).

O processo foi iniciado na vara de Cáceres, mas em 2019 foi remetido para a vara especializada em lavagem de dinheiro. Segundo o MP, foram identificadas inconsistências nas declarações de Andreson, que foram confrontadas com os dados fornecidos por empresas bancárias.

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“No referido relatório de análise, ficou evidenciado que o patrimônio alcançado por Andreson de Oliveira Gonçalves não encontra justificativa”, afirmou o MP, que considera que possam haver relação entre as movimentações financeiras e eventuais práticas criminosas.

Andreson era interlocutor de Roberto Zampieri em Mato Grosso. O advogado foi morto em dezembro passado, no bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá.

Conversas extraídas do aparelho do advogado mostraram relação estreita com desembargadores, levando ao afastamento de dois magistrados do Tribunal de Justiça de Mato Grosso.

Andreson também ajudava Zampieri a ter contato com os tribunais de Brasília e negociava sentenças proferidas por ministros do STJ, que afirma que as eventuais práticas criminosas teriam sido praticadas por assessores.

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Ele também tinha relação com vendas de sentenças em Mato Grosso do Sul, onde cinco desembargadores foram afastados dos cargos no mês passado.

As denúncias são investigadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

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