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Cuiabá, 27 de Novembro de 2024
27 de Novembro de 2024

18 de Agosto de 2020, 18h:37 - A | A

POLÍCIA / GAROTA MATOU AMIGA

Psiquiatra diz que reconstituição pode ampliar riscos de transtornos mentais em atiradora

Com base em laudos de uma psiquiatra e de uma psicóloga, adolescente responsável pelo tiro que matou Isabele não participa da reprodução dos fatos

ANDRÉIA FONTES
DA REDAÇÃO



A adolescente B.O.C., de 14 anos, responsável pelo disparo da arma de fogo que resultou na morte de Isabele Guimarães Ramos, da mesma idade, foi diagnosticada com “Reação Aguda ao Estresse” pela psiquiatra da Infância e Adolescência, Ana Cristina Gonsalves. Tratando da adolescente há 13 dias, já tendo medicado a menor, a psiquiatra afirmou que a participação de B. na reconstituição do crime poderia aumentar os riscos de desenvolvimento de transtornos mentais e comportamentais como Transtorno de Estresse Pós-Traumático, Transtorno de Ansiedade Generalizada ou Transtorno Depressivo.

“...não está apta emocionalmente para participar da reconstituição simulada dos fatos, visto que apresenta sintomas frequentes de ansiedade e estresse”, diz psicóloga sobre adolescente que disparou contra Isabele

A reconstituição da morte de Isabele ocorre nesta terça-feira, a partir das 18h30, na casa de B., no residencial Alphaville. Os trabalhos já iniciaram com o isolamento das ruas.

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A psicóloga Hélia Lima Parente Kawatake também emitiu um laudo afirmando que a adolescente “não está apta emocionalmente para participar da reconstituição simulada dos fatos, visto que apresenta sintomas frequentes de ansiedade e estresse”.

Kawatake destaca que B. ainda não retornou para sua casa desde a morte de Isabele. “Caso seja orientada a efetivamente participar do ato e, exposta aos estímulos associados aos fatos, nessa condição, pode apresentar no momento, crises de ansiedade, pânico, bloqueio, crises de choro e tremores, trazendo interferência negativa para saúde da adolescente e para a qualidade do resultado esperado para a reconstituição”.

A psicóloga destacou que B. iniciou o tratamento psicológico no dia 3 deste mês e o psiquiátrico no dia 5 e, atualmente, “não apresenta remissão dos sintomas, não havendo previsão de alta”. “Oriento que a adolescente continue o tratamento psicológico e psiquiátrico”.]

Comportamento

A psiquiatra Ana Cristina descreve no laudo que no dia da morte de Isabele, a adolescente B. afirmou que teve sensação de sufocamento, “como se sentisse apertada”, não conseguia respirar, só chorava. “Ao longo daquela semana a mesma sensação de sufocamento e angústia se repetiram, persistindo desde então com lembranças angustiantes do evento, crises de choro frequentes, dificuldade para conciliar o sono e sono fragmentado, redução do apetite, náuseas, mal estar fisico e cansaço”.

A médica enfatiza que a adolescente ainda não conseguiu retornar para sua casa, onde Isabele foi morta e onde ocorre a reconstituição na noite de hoje. O laudo ainda diz que a adolescente não tem acompanhado as aulas (que vem ocorrendo por EaD), “estando dispersa e não conseguindo manter a atenção ou prazer em qualquer atividade”.

Foi iniciado o tratamento medicamentoso e uma reavaliação está prevista para essa semana.

“Recebeu diagnóstico de Reação Aguda ao Estresse na data do exame pelo fato dos sintomas estarem presentes há menos de 30 dias desde o evento estressor, já que períodos de evolução maior caracterizariam Transtorno de Estresse Pós-Traumático, situação possível de ocorrer, dependendo da evolução e persistência dos sintomas nas próximas semanas. Tendo em vista tratar-se de uma adolescente, com o cérebro ainda em desenvolvimento, eventos estressores de grande impacto como o ocorido podem contribuir aumentando os riscos para o desenvolvimento de transtornos mentais e comportamentais como Transtorno de Estresse PósTraumático, Transtorno de Ansiedade Generalizada ou Transtorno Depressivo”.

“...não seja submetida a situação de simulação ou reconstituição dos fatos ocorridos na data do evento, o que poderia ser um gatilho de piora e reagudização de seu quadro clínico", diz trecho do laudo assinado pela psiquiatra

A psiquiatra também recomendou que a adolescente não retorne à residência e “não seja submetida a situação de simulação ou reconstituição dos fatos ocorridos na data do evento, o que poderia ser um gatilho de piora e reagudização de seu quadro clínico, podendo comprometer sua evolução, com prejuízos no seu desenvolvimento afetivo-emocional e social. Sendo assim, deve permanecer em acompanhamento com psiquiatra e psicólogo até que haja remissão dos sintomas relatados, não havendo ainda previsão de alta médica”.

Acompanhamento psicológico

A mãe da adolescente B., Gaby Cestari, relatou para a psicóloga que a filha “apresentou estado emocional exacerbado, com episódios de vômitos, falta de ar, batimento cardíaco acelerado, medo, sono perturbado e crises de choro”, nas duas primeiras semanas após a morte de Isabele, o que a motivou buscar ajuda psicológica e psiquiátrica.

A psicóloga enfatiza que em atendimentos com a adolescente, “foi observado introversão, com dificuldades de falar sobre os fatos ocorridos, visto que esses promovem sofrimento, porém, conseguiu relatar suas emoções”. “Quando entrevistada sobre seu estado emocional em seu dia a dia, após a ocorrência dos fatos, foi possível observar sintomas de ansiedade e estresse”.

Ela enfatiza que foram observados os seguintes sintomas de preocupação, com pensamentos de perigo e de que algo terrível ainda possa acontecer. Além disso, foi observado dificuldade de lembrar-se de detalhes dos fatos ocorridos.

A psicóloga descreve que a adolescente tem evitado situações, lugares e lembranças que promovem a ansiedade, inquietação e fica facilmente assustada.

No lado emocional, tem estado de medo, ansioso e oscilação do estado emocional, sendo ora triste, com medo, chorosa, ora estável.

A adolescente também apresenta sintomas físicos da ansiedade, como cansaço fácil, dor de cabeça, batimento cardíaco acelerado, tontura, vertigem, náusea, dificuldades para engolir e dificuldades com o sono e qualidade de sono, quando não está sob medicação.

Os pais relataram que alguns sintomas foram amenizados após o início da medicação, como vômito e falta de ar, porém, relatam que os demais sintomas ainda ocorrem de maneira frequente. “Ainda relatam que percebem como a filha diminuiu o interesse em suas atividades, porém, que tem se esforçado para não deixar de fazer sua principal atividade, a escolar. Relatam que a mesma está introvertida, evitando conversas, lugares e estímulos que lembram o fato ocorrido, devido ao sofrimento psicológico e físico que apresenta, motivo pelo qual ainda não voltaram para sua residência”.

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marcia 18/08/2020

transtornos mentais?????? não seria um pouco de exagero? conta toda a verdade, vai ajudar muito, não é?

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1 comentários