DAFFINY DELGADO
DO REPÓRTER MT
O Ministério Público Federal (MPF) afirmou, em denúncia assinada na quarta-feira (11), que dois integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcelo Mendonça de Lemos e Marcos Paulo Barbosa Lopes, alvos da Operação Descobrimento, eram responsáveis por esconder a cocaína nos jatos de luxo que eram enviados para a Europa. Eles ainda faziam parte do "primeiro escalão" da organização criminosa.
A ação foi deflagrada pela Polícia Federal no dia 19 de abril e desarticulou uma organização criminosa responsável pelo tráfico internacional de drogas do Brasil para Portugal.
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Na operação, Marcos Paulo, o ex-secretário de Estado de Ciência e Tecnologia, Nilton Borgato, o lobista Rowles Magalhães, a doleira e ex-Lava Jato Nelma Kodama, e mais 12 tiveram os mandados de prisão cumpridos. As medidas judiciais foram expedidas pela 2ª Vara Federal de Salvador. Já Marcelo Mendonça segue foragido da Justiça.
De acordo com o documento assinado pelos procuradores da República Auristela Oliveira Reis, Roberto D'Oliveira Vieira, Robert Rigobert Lucht e Carlos Vítor de Oliveira Pires, Marcelo Mendonça e Marcos Paulo tinham a função, dentro da organização, de fornecer a cocaína e ainda auxiliar no armazenamento dela dentro da fuselagem das aeronaves.
Ao lado dos dois faccionados, o lobista Rowles, a doleira da Lava Jato Nelma Kodama, o ex-secretário de Estado Nilton Borgato, Ricardo Agostinho, Marcelo Lucena da Silva e Fernando de Souza Honorato, segundo o MPF, integram o primeiro escalão da organização.
As investigações apontaram que ao menos cinco remessas da droga foram encaminhadas para Portugal. O caso passou a ser investigado a partir da apreensão de 578,44 kg de massa líquida de cocaína, no interior da aeronave de prefixo CS-DTP, marca Falcon, modelo 900B (Dassault Falcon 900B), no Aeroporto de Salvador, em 9 de fevereiro de 2021.
Funções na organização
Consta ainda na denúncia, que as atividades exercidas por Borgato e Nelma Kodama eram a "intermediação entre fornecedores da droga e os transportadores e o contato deles com os destinatários da droga na Europa".
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Coordenavam o escalão financeiro da organização: Marcelo Lucena da Silva, doleiro que servia de instrumento para pagamento de dívidas da organização na Europa; e Edson Carvalho Sales dos Santos, que cedia sua conta em Portugal para receber as transferências bancárias.
A parte operacional ficou com Fernando de Souza Honorato, diretor-executivo do hangar da Fly Away, em Jundiaí, que forneceu acesso para o carregamento de aeronave com a droga.
Denúncia
O ex-secretário, o lobista, a doleira e mais 13 foram denunciados pelos crimes de tráfico internacional de drogas, evasão de divisas, organização criminosa e lavagem de dinheiro.
O MPF pediu a condenação da quadrilha, por danos morais, dobrando o valor da perda, que de R$ 69.7 milhões, passou para R$ 139.572.00 milhões.
Bens confiscados
Todos os bens confiscados durante a operação, como apartamento de luxo em um condomínio localizado na avenida Presidente Marques, em Cuiabá, segundo o documento, foram adquiridos com o lucro e prática do tráfico.
Somente do lobista e de sua esposa, foram apreendidas 32 bolsas de grifes, lenços, carros e imóveis. Já de Borgato, foram confiscados 3 veículos, sendo eles uma Toyota Hilux, um Honda Civic e um Honda Civic Touring. Uma quantia de quase R$ 30 mil e US$ 4 mil também estão na lista e, claro, todas as pedras preciosas e diamantes encontradas no apartamento de Borgato.
Todos os bens serão entregues à União e totalizam R$ 139 milhões.
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