ANDRÉIA FONTES
DA REDAÇÃO
Reconstituição da morte de Isabele Guimarães Ramos, de 14 anos, na noite desta terça-feira, (18) que se estendeu até a madrugada de hoje (19), demonstrou que são insustentáveis as versões apresentadas pela adolescente B.O.C. de disparo acidental da arma de fogo e também do pai dela, do empresário Marcelo Cestari, que afirmou que ao ouvir um barulho não havia identificado que se tratava de um disparo. Fonte policial ouvida pelo destacou, por exemplo, que foram feitos três disparos durante a reconstituição da morte, de munição não letal, e todos foram ouvidos claramente há vários metros do local. Mas durante o depoimento na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Marcelo afirmou que ouviu um barulho e não identificou que era um disparo de arma de fogo e achou que Isabele tivesse caído no banheiro e batido a cabeça.
Apesar das versões serem consideradas insustentáveis, até agora, de acordo com a fonte, não há nos autos informações que comprovem se tratar de um homicídio doloso. Desde o início a polícia investiga e aponta a possibilidade do disparo ter sido feito durante uma brincadeira com a arma de fogo.
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A reconstituição, que iniciou por volta das 19h30, terminou quase 2h da madrugada. A maior parte do tempo foi concentrada no local onde ocorreu o disparo e Isabele morreu, na parte de cima da casa, dentro do banheiro do quarto da adolescente B. Apenas B. não estava presente na casa nesta terça-feira. Laudos apresentados pela defesa da família Cestari, feitos por uma psiquiatra e uma psicóloga, não autorizaram sua participação apontando o risco de ampliação de transtornos mentais.
De acordo com a fonte, autoridades policiais chegaram a comentar que a forma que o corpo da adolescente foi encontrado não condiz com os depoimentos. A vítima estava com a cabeça dentro do box e pelas manchas de sangue no banheiro, a perícia afirmou que o tiro foi disparado frontalmente, com acionamento do gatilho, a uma distância entre 20 e 30 centímetros do rosto. Que a morte foi imediata e Isabele apenas caiu e que o corpo não foi mexido.
A versão apresentada pela adolescente B. na DHPP foi que ela subiu para guardar a case no quarto do pai. Ao ver que Isabele estava no seu quarto, foi ver o que a amiga estava fazendo, quando a case caiu e ao pegar a maleta e as armas, a pistola acabou disparando acidentalmente. A reconstituição demonstrou ser impossível um disparo acidental atingir Isabele na altura que foi, com trajetória reta. A reprodução dos fatos confirmou que a arma foi apontada para a vítima.
Início da reconstituição
Primeiro foi feito o passo a passo com o adolescente de 16 anos, namorado de B., que foi quem levou a arma até a casa dos Cestari no dia 12 de julho, quando a morte aconteceu.
O adolescente relatou que assistiram um filme naquela tarde e depois do jantar, foi embora, deixando a casa para onde havia levado duas armas. O adolescente foi até a casa de Marcelo com a case para que o empresário fizesse manutenção na arma que utilizava em tiro esportivo. Entretanto, dentro da case também estava a pistola que o pai usa no treinamento. O adolescente não teria visto o pai guardar a pistola em sua case no dia anterior e acabou levando as duas armas.
Quando o pai do adolescente descobriu que o filho também tinha levado a pistola, orientou que deixasse a case na casa do empresário que no outro dia ele iria buscá-la com o porte, que permite o transporte. O adolescente pediu para Marcelo que aceitou guardar as armas. Naquela noite, foi o irmão do adolescente quem foi buscá-lo.
As imagens das câmeras de segurança mostram que a partir do momento que o adolescente deixa a casa da namorada, dois minutos depois Gaby Cestari, mãe de B., sai desesperada de casa, pega o carro, e vai até a casa da mãe de Isabele informar que havia ocorrido um acidente.
Ou seja, dois minutos após a saída do adolescente, Isabele foi atingida pelo disparo que atingiu o nariz e saiu pela nuca.
Agora, o delegado aguarda a laudo da perícia para concluir o inquérito.
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joana 19/08/2020
FOI PERGUNTADO ONDE O PROJETIL E A ARMA ESTAVAM NA CENA DO CRIME ANTES DE SEREM "GUARDADOS"?
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